Correio Braziliense, n. 21522, 18/02/2022. Política, p. 3

Discurso xenofóbico



Após se reunir com o presidente Jair Bolsonaro, em Budapeste, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, fez um discurso de tom xenofóbico e citou convergências de valores com o chefe do Executivo brasileiro. “Gostaríamos muito de preservar nossas raízes, e a imigração, na verdade, não colabora muito para essa questão, de manter essas raízes estabelecidas”, criticou o premiê, em declaração à imprensa.

Considerado um líder autoritário de extrema-direita, Orbán promove uma escalada autoritária no país, com enfrentamentos ao sistema judiciário e perseguições à oposição e a minorias, como a comunidade LGBTQIAP+ e imigrantes.

 

Ele lembrou sua presença na posse de Bolsonaro em 2019 e disse esperar repetir a visita em um eventual segundo mandato do presidente brasileiro, que deve concorrer à reeleição em outubro. “Espero poder visitá-lo novamente em breve para esse mesmo tipo de ocasião”, declarou o primeiro-ministro, que também será candidato nas eleições húngaras. “Espero que seja uma celebração dupla e que ambos possamos comemorar conjuntamente”, frisou.

 

Orbán disse ter interesse numa parceria “unificada” e “bastante próxima” com o Brasil. “Temos muitas convergências, muitas opiniões convergentes”, destacou, ao lado de Bolsonaro, citando o cristianismo dos dois.

 

O líder húngaro repetiu o discurso conservador de Bolsonaro e falou em “ataques às famílias”. “Faremos o possível que pudermos para manter esta instituição família de modo sólido e bem protegido”, enfatizou. “Bolsonaro concorda conosco nessas questões, que dizem respeito à melhoria da qualidade de vida do nosso cidadão.”

 

Reconhecido por cientistas políticos como um dos principais líderes da corrosão democrática nos últimos anos, Orbán defendeu que a Hungria é um país democrático e acenou para a possibilidade de novos investimentos no Brasil. “Poderíamos dizer que estamos apenas no início dessas transições que vão ocorrer, e queremos, sim, veementemente, estabelecer comunicação mais sólida entre a Hungria e o Brasil”, afirmou.

 

De acordo com o primeiro-ministro da Hungria, a reunião com Bolsonaro foi bastante produtiva e com estabelecimento de “conexões”.