Título: Buani apresenta extratos
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Fonte: Jornal do Brasil, 13/09/2005, País, p. A3

O empresário Augusto Buani, proprietário do restaurante Fiorella, disse que não precisou utilizar o capital de giro de sua empresa para pagar os R$ 40 mil em dinheiro ao então primeiro-secretário da Câmara, Severino Cavalcanti. O extrato divulgado ontem por Buani mostra que ele utilizou dinheiro de aplicação de fundos para sua conta corrente no no dia 4 de abril no Bradesco. Foram três operações para abastecer a conta. Uma de R$ 19,8 mil, outra de R$ 7,5 mil e a última de R$ 12,6 mil.

- Esses R$ 40 mil fui buscar pessoalmente no banco e entreguei pessoalmente a ele - afirmou Buani.

O empresário diz que não se lembra da justificativa que deu para a gerência do banco para sacar os R$ 40 mil. No entanto, ele disse que vai tentar dar uma ''recuperada na memória'' para levantar mais detalhes dos pagamentos a Severino. O empresário disse que é ''questão de honra'' mostrar a verdade. Ele acredita que a cópia do cheque, de pouco mais de R$ 7 mil que ele entregou para Severino Cavalcanti, poderá identificar o sacador:

- Minha esperança é que o cheque seja nominal.

Ontem, a Polícia Federal (PF) ouviu depoimento de três garçons do Fiorella. Eles afirmaram que entregaram pacotes com dinheiro na primeira secretaria da Câmara durante o período em que Severino ocupou o cargo. O garçom Rosenildo Francisco afirmou ter levado um envelope , mas na época, ele não sabia que se tratava de dinheiro. O maitre José Ribamar da Silva também confirmou ter levado dinheiro para o gabinete de Severino, duas vezes, em 2003, a pedido de Gisele, filha de Buani.

- Levei pacote contendo dinheiro para a secretária do Severino Cavalcanti. Eu não sei quanto tinha. Estava lacrado, mas a Gisele falava para eu ter cuidado, que tinha dinheiro - afirmou Ribamar.

O garçom Hélio Antônio afirmou que os envelopes eram levados para o gabinete de Severino sempre após as 15 horas, quando diminuía o movimento. Ele afirma ter ido três vezes ao gabinete para levar o ''pacote''.

- Só entregava na Primeira-Secretaria. A gente ia com a roupa de garçom - disse Hélio, que acrescentou que nunca entregou dinheiro a outros deputados.

A PF também chamou para depor a ex-gerente do Bradesco, Jane Vasconcelos, que liberou os R$ 40 mil. Ela contou que saiu do banco há dois anos e que não se lembra do saque.