Título: Contagem regressiva para Severino
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 13/09/2005, País, p. A3

Depois de passar o dia tomando depoimentos, o delegado da Polícia Federal Sergio Menezes já encontrou indícios suficientes para que o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), passe da condição de acusador para investigado. Por isso, o caso deverá ser encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. Por ser deputado, Severino tem foro privilegiado. Antes da manifestação da PF, a oposição recuou na disposição inicial de forçar a saída rápida de Severino e agora vai garantir presença na sessão da Câmara que vota a cassação do mandato deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) amanhã.

Quando o inquérito na Polícia Federal foi aberto, a pedido de Severino, era investigada uma suposta tentativa de extorsão contra o presidente da Câmara pelo empresário Sebastião Buani, que tem a concessão do restaurante do do restaurante Fiorella, no anexo 4 da Câmara. Depois dos depoimentos de Izeilton Carvalho, ex-funcionário do restaurante que entregou uma cópia de um termo de prorrogação, até 2005, do contrato para exploração do restaurante, e dos três garçons que confirmaram que levaram dinheiro a Severino, a situação se inverteu.

Severino é acusado de receber propina para prorrogar a concessão de restaurante que opera na Câmara. A principal peça contra Severino é o termo de prorrogação, até 2005, do contrato para exploração do restaurante. No documento, com data de 4 de abril de 2002, consta a assinatura de Severino Cavalcanti, então primeiro-secretário da Casa.

O cerco se fechou ainda mais ontem. O empresário Sebastião Buani - dono dos restaurantes Fiorella - entregou à Polícia Federal cópia do extrato bancário com saque de R$ 40 mil no dia 4 de abril de 2002, que ele diz ter entregue ao então primeiro-secretário e atual presidente da Câmara, Severino Cavalcanti. O documento que Severino teria assinado, prorrogando a concessão a Buani por três anos, também é de 4 de abril de 2002.

Já são cinco testemunhas que confirmam o pagamento do ''mensalinho'' a Severino Cavalcanti, em depoimentos à Polícia Federal. Ontem, o maitre e três garçons do restaurante também confirmaram a propina. Buani promete entregar à PF, ainda hoje, a cópia de um cheque de pouco mais de R$ 7 mil que ele diz ter entregue a Severino em 2003.

- Hoje (ontem), estou mostrando o mensalão. Amanhã (hoje), com a cópia do cheque, espero mostrar o mensalinho - disse Buani.