Correio Braziliense, n. 21760, 14/10/2022. Política, p. 2

Ciro minimiza tumulto em Aparecida: “Incontroláveis”

Carlos Marcelo
Guilherme Peixoto


Belo Horizonte — O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), chamou de “incontrolável” a reação de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Aparecida (SP), durante as celebrações do dia de Nossa Senhora Aparecida, na quarta-feira. Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, ontem, ele relacionou as hostilidades, cometidas, inclusive, contra profissionais da TV oficial do Santuário, ao que chamou de “revolta” de simpatizantes do chefe do Executivo com a cobertura do 1º turno da eleição.

“São coisas, às vezes, incontroláveis. Não vou negar. Existe um sentimento de revolta muito grande do eleitorado de Bolsonaro com essa tentativa de estelionato eleitoral que aconteceu no 1º turno. Foi muito grave”, afirmou. “Agora, nunca pode descambar para a violência e (tentativas) de cercear o trabalho da imprensa. Isso, temos de reprovar.”

Imagens captadas pela CNN Brasil mostraram jornalistas sendo xingados por apoiadores de Bolsonaro do lado de fora da Basílica. Alguns, inclusive, aparentavam estar carregando bebidas alcoólicas.

A Folha de S. Paulo publicou vídeo que mostra um homem de camisa vermelha, cor do PT de Luiz Inácio Lula da Silva, sendo encurralado por bolsonarista em uma das áreas do Santuário.

O “estelionato eleitoral” citado por Ciro Nogueira diz respeito ao resultado das pesquisas eleitorais divulgadas antes da ida da população às urnas. O senador licenciado defende, inclusive, a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar a conduta dos institutos de pesquisa. Muitos deles não acertaram o percentual obtido por Bolsonaro — terminou com 43,2%, ante 48,43% de Lula.

“O que se viu foi que esses institutos, no meu ponto de vista, tentaram criar o maior estelionato eleitoral da nossa história. Graças a Deus, não tiveram sucesso. Saímos da eleição com uma perspectiva muito positiva de vitória do presidente”, criticou.

Nogueira acusou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de, muitas vezes, “politizar” em direção à esquerda.

 

Zema

O ministro informou que números apontados por pesquisas internas da campanha de Bolsonaro apontam vitória do candidato à reeleição em Minas Gerais. Ele citou o “apoio decisivo” do governador Romeu Zema (Novo) ao presidente como elemento essencial para garantir o triunfo no estado.

“Com o cenário, agora, de virada em Minas Gerais e em São Paulo — e depois me cobrem, vamos ganhar bem em Minas —, está muito próximo de estourarmos de alegria com a vitória de nosso presidente.”

Em setembro, Nogueira foi ao Twitter criticar o Datafolha e assegurar que Bolsonaro havia ultrapassado Lula em Minas. Nas urnas, porém, o petista teve 48,29% das intenções de voto, ante 43,6% do candidato à reeleição. Os percentuais indicam diferença de, aproximadamente, 563,3 mil votos.

“No 1º turno, o estado que teve a maior volatilidade foi Minas. Chegamos a virar em Minas, e a distância aumentou, mas a vitória de Lula terminou de forma bem mais estreita do que se imaginava e do que deram os institutos”, avaliou. “Nossa expectativa é de que a entrada decisiva do governador Zema consolide a vitória do presidente em Minas.”

A união entre Zema e Bolsonaro foi firmada no último dia 4, após o governador garantir a reeleição. No primeiro turno, o político mineiro apoiou Felipe d’Avila, presidenciável do Novo, enquanto o presidente da República teve Carlos Viana (PL) como candidato formal ao Palácio Tiradentes.

“Em Minas, (houve) essa entrada decisiva do governador. Não é uma aliança partidária, mas pela prosperidade. As pesquisas qualitativas que temos de Minas nos indicam que o eleitor mineiro tem recebido muito bem a forma com que seu governador entrou nesta campanha”, assegurou Nogueira.

Ao tratar da aliança, o ministro não poupou elogios a Zema. “Podem ter certeza: se o presidente Bolsonaro ganhar, Minas vai sair com um fortíssimo candidato à reeleição dele, que é Zema. É um potencial candidato em 2026 pela forma decisiva como está entrando nesta eleição.”