Valor Econômico, n. 4960, 14/03/2020. Brasil, p. A5

General defende austeridade e foco em grandes obras

Daniel Rittner 


O general Joaquim Silva e Luna, nomeado diretor-geral do lado brasileiro de Itaipu no início do ano passado, afirma ter adotado uma política de austeridade na empresa e mudado o foco dos projetos apoiados financeiramente. Em vez de patrocínios e um grande número de obras pulverizadas, a nova prioridade é concentrar os repasses para empreendimentos maiores. “Queremos deixar um legado”, ressalta.

De acordo com Silva e Luna, a parte brasileira da usina conseguiu economizar R$ 600 milhões em 2019 com gastos administrativos e revisão de patrocínios. Um escritório de Itaipu em Curitiba, que funcionava em edifício com 12 andares e tinha 130 funcionários, foi extinto. Com isso, viagens e diárias foram cortadas. Houve eliminação de patrocínios a festividades e eventos. “Assim abrimos espaço para investir em obras estruturantes na região. ”

A construção da segunda ponte internacional Brasil-Paraguai, a extensão em 600 metros da pista do aeroporto de Foz do Iguaçu, a duplicação de um trecho da Rodovia das Cataratas e a ampliação do Hospital Ministro Costa Cavalcanti são citadas pelo general como exemplos desse tipo de obras.

Apesar de não haver restrições legais, todos os convênios têm prazo até 2022 para não invadirem o período do novo contrato pós-revisão do Anexo C do tratado. “A boa gestão recomenda que cheguemos ao fim do atual contrato sem nenhuma pendência. ”

Um ex-conselheiro de Itaipu, que pede para não ter seu nome publicado, explica que esses investimentos entram numa “conta gráfica” e são repassados integralmente, ano a ano, para as tarifas de energia. “É um modelo que estimula a ineficiência. Não é um ato de compromisso, como uma empresa que cede parte do lucro para apoiar projetos, mas distribuição de benefícios com chapéu alheio. ”

Silva e Luna, porém, faz questão de lembrar que a tarifa em dólares de Itaipu é a mesma desde 2018. “Não houve reajuste em 2019, não está havendo em 2020 e não haverá em 2021”, afirma. Só houve mudança em reais por causa da variação cambial.