Correio Braziliense, n. 21782, 05/11/2022. Política, p. 6

Bolsonaristas hostilizam Barroso em restaurante



O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), precisou da ajuda da Polícia Militar depois de ser hostilizado por um grupo de bolsonaristas, na noite da última quinta-feira, em Porto Belo, no litoral de Santa Catarina, enquanto jantava com amigos. Em nota, o gabinete do magistrado disse que ele preferiu se retirar, pois a “manifestação ameaçava fugir ao controle e tornar-se violenta”.  

“O ministro Luís Roberto Barroso estava em Porto Belo, Santa Catarina, na última quinta-feira, para compromisso pessoal. Quando jantava com amigos em um restaurante, pessoas que participavam de bloqueios de estradas e que foram dispersadas iniciaram um protesto do lado de fora, e o ministro preferiu retirarse para não causar transtornos aos demais clientes do local”, explicou a assessoria do ministro.  

Os bolsonaristas gritaram palavras de ordem contra o STF, cantaram o Hino Nacional e afirmaram que o ministro não era bemvindo. Durante cerca de 20 minutos no restaurante, Barroso foi vaiado, chamado de “comunista”, “lixo”, “vagabundo” e “ladrão”.  

“A manifestação ameaçava fugir ao controle e tornar-se violenta, tendo a segurança aventado o uso de força policial para dispersar a aglomeração. Diante disso, o ministro, em respeito à vizinhança e para evitar confronto entre polícia e manifestantes, retirou-se do local”, afirmou a assessoria.  

Balbúrdia  

Segundo a nota, a polícia levou Barroso até a casa onde ele estava hospedado, mas um grupo de bolsonaristas conseguiu segui-lo para continuar a hostilizá-lo. “A equipe de segurança detectou que um grupo identificara o lugar onde ficaria o ministro e começou a convocar outras pessoas para o local, fazendo ruído perturbador para toda a vizinhança e paralisando a circulação nas ruas adjacentes”, acrescenta a nota do gabinete do ministro.  

Apesar do aborrecimento, Barroso não foi agredido fisicamente e não houve dano material no restaurante. Segundo a polícia, também ninguém foi preso. O magistrado lamentou a situação. “A democracia comporta manifestações pacíficas de inconformismo, mas impõe a todos os cidadãos o respeito ao resultado das urnas. O desrespeito às instituições e às pessoas, assim como as ameaças de violência, não fazem bem a nenhuma causa e atrasam o país, que precisa de ordem e paz para progredir”, observou o comunicado do ministro. (LP)