Título: Ataque teve mentor, diz Bornhausen
Autor: Cristiane Madeira
Fonte: Jornal do Brasil, 28/10/2005, Brasília, p. D1

Depois de identificados os autores dos cartazes em que aparece com o uniforme e a suástica nazista, o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) declarou nesta quinta-feira, em entrevista coletiva, que estava certo quando disse que havia o envolvimento de integrantes do Partido dos Trabalhadores no caso. - Não culpo o PT nacional, mas a sequência das datas de confecção dos cartazes e das declarações do ministro do Trabalho não me parecem meras coincidências - observou.

De acordo com o senador, no dia 22 de setembro, Marcos Wilson, funcionário da liderança do PT na Câmara Legislativa do DF, enviou um e-mail para Avel de Alencar discutindo detalhes sobre a moldura da foto e qual opção o deixaria com o aspecto mais autoritário e egocêntrico.

Após essa mensagem, Avel teria pedido ao irmão, Avelmar de Alencar, para providenciar a impressão do cartaz, paga em 2 de outubro e entregue no dia 6 de outubro.

No dia 19 do mesmo mês, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício, fez críticas a Bornhausen em entrevista à revista Carta Capital. Um dia depois, o ministro do Trabalho Luiz Marinho disse que o senador parecia sentir saudades do ditador nazista Adolf Hitler. No dia 25, os cartazes foram colados em paradas de ônibus e no Setor Comercial Sul de Brasília.

- Esses três homens não devem ter feito tudo por conta própria. Alguém deve ter mandado. Resta agora descobrir o mentor.

Os três mil cartazes foram pagos com um cheque de Avel no valor de R$ 1.060. Além de diretor de Relações Sociais do Sindpd-DF (Sindicato dos Profissionais em Processamento de Dados), entidade filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), Avel é diretor da Escola de Formação dos Trabalhadores em Informática que, segundo Bornhausen, possui convênios com o governo federal e recebeu R$ 1,9 milhão para sua construção e recursos da Fundação Banco do Brasil.

O senador afirmou que vai esperar as investigações da Polícia Civil para entrar com uma ação contra Avel por crime de calúnia, injúria, difamação e racismo.

Líder do PT na Câmara Legislativa, a deputada distrital Érica Kokay informou que o partido não é responsável por ações isoladas de funcionários, e que esse tipo de declaração contra o senador é motivo de total repúdio pelos integrantes da bancada.

- De forma alguma o PT aprova esse tipo de atitude. Dentro de alguns dias nos reuniremos para decidir se Marcos Wilson deve sofrer alguma punição - disse.

Mas na opinião da deputada, o funcionário não deve ser julgado dentro da Câmara, já que responderá pelo que fez junto às autoridades competentes.

Os três acusados pela autoria do cartaz vão depor sobre o caso na próxima semana em data ainda não divulgada pela Polícia Civil.