Título: Deputados vão recorrer para impedir trabalho da CPI
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 14/11/2005, País, p. A2

Pelo menos dois deputados vão lutar durante a semana para ter seus nomes retirados do requerimento de ampliação das atividades da CPI dos Correios e assim, enterrar de vez a estratégia da oposição de levar a adiante as investigações até abril do próximo ano. Ontem, os parlamentares do PMDB Carlos Willian (MG) e Wladimir Costa (PE) confirmaram que vão pedir ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que interfira para ''ter seus direitos garantidos''. A dupla alega que seus pedidos de retirada de assinatura do documento foram feitos dentro do prazo regimental e que só não foram considerados por uma questão ''estratégica'' montada pela oposição. E ameaçam buscar respaldo no Supremo Tribunal Federal.

- Voltei atrás. É um direito meu. Faz parte do Parlamento, poder refletir e flexibilizar - afirmou Carlos Willian, que desde quinta-feira passada vem ''trabalhando suas bases'' no interior do Estado.

Segundo o parlamentar mineiro, pesou em sua decisão um telefonema do líder da bancada, Wilson Santiago (PMDB-PB), que propunha ampliação do prazo apenas até o fim de dezembro, uma vez que o inicial findaria na primeira quinzena do mês. O acordo teria sido fechado em reunião de líderes, onde apenas o PFL e PSDB se manifestaram contra. Ainda conforme declarações de Carlos Willian - relator da sub-comissão que investiga atuação do Instituto Resseguros do Brasil (IRB) como um suposto financiador do mensalão - pesaram na elaboração da lista ''joguetes e espertezas por parte da oposição''.

- Esperaram que meu partido entregasse o pedido de retirada de assinatura, para depois apresentar minha assinatura feita num primeiro momento. Era uma carta na manga - disse ao lembrar que sem seu nome a lista cairia para 170 deputados, o que impossibilitaria a abertura do prazo. Para ele, houve erro na condução dos trabalhos da Mesa do Senado.

-Como é que você aceita um pedido de retirada de assinatura, se ela nem foi feita? Se não conseguir sensibilizar o presidente do Congresso, Renan Calheiros, vou recorrer ao STF.

Wladimir Costa também está disposto a levar a diante sua decisão. Num processo parecido com do colega, o pernambucano disse que sua assinatura só consta na lista ''porque nem mesmo tinha conhecimento do que se tratava quando assinou''. O parlamentar teria sido abordado por Ônix Lorenzzoni (PFL-RS), com quem nutre uma amizade de muitos anos, e assinou sem avaliar a''gravidade da prorrogação da CPI''.

- O mandato é meu, não deles. Estou me lixando para a opinião da oposição. As CPIs já chegaram ao seu limite. Virou palco para que oposição ataque o governo e ganhe os holofotes. Não farei parte disto - disse.

Ainda ontem, Lorenzoni contestou a atitude dos dois colegas. Afirmou que não considera ''ético por parte de um parlamentar'' voltar com uma decisão. Para ele, ''assinatura deve ser considerada palavra de honra''.

- O governo chantagiou brutalmente essas pessoas. O presidente Lula mandou que investigasse na segunda e na terça quem trabalhava para impedir a prorrogação da CPI.