Título: Light recebe propostas por usinas
Autor: Sabrina Lorenzi e Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 24/11/2005, Economia & NEGÓCIOS, p. A20

CPFL e Energias do Brasil, de São Paulo, e a belga Tractebel analisam compra de ativos da distribuidora

A disputa pela Light envolve uma concorrência paralela só pelos ativos de geração da distribuidora fluminense. Pelo menos três grandes grupos apresentaram, semana passada, propostas pelas cinco usinas hidrelétricas e uma termelétrica mantidas no Estado do Rio de Janeiro pela controlada da francesa Electricité de France (EDF). Além da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), estão no páreo por essas usinas a Energias do Brasil, controladora da Bandeirante Energia, e a Tractebel, braço energético do grupo franco-belga Suez. Um graduado executivo de uma das empresas envolvidas no processo, revela, no entanto, que a concorrência principalmente pelos ativos de geração poderá perder o fôlego, dependendo do resultado do leilão de novos empreendimentos energéticos, previsto para o próximo dia 16 de dezembro. Segundo esse mesmo executivo, por ser considerado o grande teste do novo modelo do setor elétrico, o leilão servirá como um sinal dos limites de rentabilidade dos investidores no segmento de geração. Iniciado na última semana, o processo de venda da Light atraiu o interesse de alguns dos principais grupos atuantes no Brasil. Sob a responsabilidade do banco americano Goldman Sachs, tal processo está envolto em sigilo, mas a expectativa de um dos agentes envolvidos é de que até o fim desta semana já haja a definição dos grupos que passarão para a segunda fase da concorrência, prevista para ser iniciada em dezembro. Pelo cronograma do banco, a venda do controle pela EDF deverá estar concluída até o fim do primeiro trimestre de 2006. O presidente da CPFL, Wilson Ferreira, afirmou que o apetite pela distribuidora se limita às usinas da empresa, cuja capacidade de geração soma 660 megawatts. O executivo descartou a compra de ativos de distribuição, o principal negócio da Light, mas admitiu que se credenciou para a disputa. ''Só queremos os ativos de geração'', disse o executivo, ao acrescentar que nada impede a CPFL de formar parcerias para a compra de todo o negócio. Nesse caso, a companhia paulista se tornaria proprietária apenas das usinas. Embora o executivo não tenha dado maiores detalhes sobre o negócio, especialistas do setor revelam que, além de restrições de caráter regulatório, o interesse nos ativos de geração também se justifica pela prioridade dada ao leilão da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), a empresa de transmissão que deverá ser privatizada no próximo ano pelo governo de São Paulo. Do ponto de vista regulatório, há restrições para a entrada da CPFL no mercado do Rio. Concessionária de distribuição nos mercados paulista e gaúcho, onde também detém o controle da Rio Grande Energia (RGE), a CPFL ampliaria sua fatia no submercado das regiões Sul-Sudeste dos atuais 13% para mais de 20%, o limite autorizado pela legislação. Dessa forma, a operação poderia ser embargada pelo Cade.