Título: Ainda falta adversário para Roriz
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 08/01/2006, Brasília, p. D3

Enquanto se aquece cada vez mais a disputa pelas candidaturas ao governo do Distrito Federal e a deputado federal ou distrital, pouco se fala dos nomes que deverão sair para o Senado. O candidato mais forte - e praticamente único até agora - é o governador Joaquim Roriz. Ele ainda não assumiu a candidatura e não assegurou sequer se deixará o Palácio do Buriti em 1º de abril, prazo necessário para a desencompatibilização. Se realmente disputar a vaga no Congresso, Roriz não deve ter, pelo menos que se imagine por enquanto, adversário que ameace sua vitória. A esquerda não divulga nomes interessados em disputar o cargo. De acordo com o deputado Chico Vigilante, presidente do PT no DF, a candidatura ao Senado será discutida com os demais partidos.

- Buscamos a formação de uma frente de centro-esquerda no DF. Já conversamos com PCdoB, PL e PSB. Vamos também procurar os demais partidos para tentar formar uma chapa única de oposição - conta Vigilante.

Na chapa defendida por Vigilante, o PT teria a candidatura para o cargo de governador e garantiria apoio a outros nomes da esquerda para a Câmara Federal, Senado e vice-governadoria.

- Vamos buscar uma unidade de centro-esquerda para ganhar e governar bem o DF - afirma Vigilante.

Candidatura - Mesmo sem a chapa única ser aprovada, achar um petista com boa base de votos interessado em concorrer ao Senado seria difícil. A deputada distrital Arlete Sampaio (PT), que concorreu ao Senado em 1998, quer disputar a reeleição à Câmara Legislativa. Ela diz que pode concorrer novamente ao parlamento nacional, mas só quando tiverem duas vagas. Como em 2006 cada Estado terá direito a eleger um senador, ela pode concorrer apenas em 2010.

Apesar de anunciar a candidatura ao cargo de distrital, Arlete não descarta a hipótese de ser candidata ao GDF.

- Desde que meu nome seja desejo da imensa maioria do partido para o Buriti. Senão, serei candidata a distrital, que é o que tenho viabilidade para assumir - argumenta Arlete.

O deputado Augusto Carvalho (PPS) também não se arrisca a concorrer ao Senado. Ele disputou uma vaga na casa com Arlete em 1998. Nas eleições do ano que vem, pretende sair para o cargo de deputado federal.

- Estamos aguardando cair a verticalização. Aí podemos pensar na união de partidos com a esquerda que não recebe o mensalão: PPS, PDT, PV, PSOL, PHS - diz o deputado.

A candidatura do deputado José Roberto Arruda ao Senado também não é possibilidade viável na avaliação do cientista político Ricardo Caldas.

- Com o desempenho apresentado nas pesquisas [chegou a ter mais de 40% dos votos]Arruda só não sai para o governo do Distrito Federal se a Executiva Nacional não quiser - analisa Caldas, professor da Universidade de Brasília (UnB).

Decisão - A manutenção da verticalização ainda não foi decidida. O PSL pediu consulta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o tema. A resposta deve sair apenas depois de 1º de fevereiro, quando a corte volta a funcionar. Para Caldas, a definição sobre a verticalização é fundamental para definir o cenário político não só no DF como em outros estados.

- A sucessão brasileira está embolada por conta da decisão da verticalização - diz o cientista político.

Caso a regra seja modificada, ficaria mais fácil formar coligações em planos regionais e nacional. Isso possibilitaria, por exemplo, uma união do PMDB com o PT para concorrer ao Palácio do Planalto e do PMDB com o PSDB ou PFL para o GDF. Assim, o governador poderia apoiar, em plano local, a candidatura de Maria de Lourdes Abadia (PSDB) ou dos pefelistas Paulo Octávio ou José Roberto Arruda.

- Está tudo indeciso porque não sabemos como vai ficar a questão da verticalização, o que gera segunda incerteza sobre quem será candidato local - afirma Caldas.