Título: Política na festa de São Paulo
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 26/01/2006, País, p. A5

O prefeito de São Paulo, José Serra, e o governador do estado, Geraldo Alckmin, encontraram-se ontem na festa de comemoração dos 452 anos da capital paulista. Em discurso breve, Alckmin aproveitou para elogiar o adversário na disputa pela vaga de candidato à Presidência pelo PSDB. Já Serra exaltou suas próprias ações como administrador da cidade. - Quero saldar meu querido companheiro, grande prefeito José Serra, que administra essa cidade com seriedade, talento, espírito público e com experiência acumulada de trabalhar por nosso povo - disse Alckmin.

O prefeito, que discursou antes do governador, não fez os mesmos elogios e citou a tentativa de devolver a São Paulo o título de terra das oportunidades.

- O nosso trabalho, ao longo dos meses, tem sido precisamente o de fazer todas as ações necessárias para que a cidade volte a ser uma terra de oportunidades para os que aqui estão e para os que aqui chegarem - disse, citando ações nas áreas de cultura e meio ambiente.

Depois de lembrar que São Paulo teve a benção de ter sido batizada pelo santo e educador padre José de Anchieta, Alckmin também fez questão de detalhar suas obras estaduais, como as 12 faculdades da Universidade de São Paulo (USP ), na zona leste e a linha dois do Metrô. No combate a enchentes, o governador citou ''a grande obra da calha do rio Tietê'' e o Rodoanel.

Antes da comemoração, uma missa na Sé reuniu políticos paulistanos. Eles ouviram críticas durante o sermão do arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes, que falou sobre a situação dos moradores de rua. Em 2004, sete mendigos da região central morreram após serem agredidos. O crime segue sem solução.

- Dez mil pessoas vivem nessa situação. É um número bastante expressivo. O Poder Público e a sociedade devem se empenhar para a solução desse problema - afirmou dom Cláudio.

A buzina de uma bicicleta antecipou em 20 minutos o ataque ao tradicional bolo do Bexiga, durante a comemoração do aniversário da cidade. Cerca de seis mil pessoas aguardavam ansiosamente na rua Rui Barbosa a hora de repartir a guloseima gigante, quando um ciclista com roupas excêntricas e todo equipado disparou o apito, interpretado como um sinal para o avanço geral.

O maior bolo do mundo, de 452 metros - número correspondente à idade de São Paulo -, levou apenas cinco segundos para desaparecer. Entre empurrões, a multidão arrancou pedaços enormes do doce para encher bacias, assadeiras e sacos plásticos trazidos de casa.

Moradora do bairro de Vila Nova Cachoeirinha, Elizabete Ouro Preto, 65 anos, disse que comparece à festa todos os anos. Nos eventos anteriores, ela levou uma bacia para carregar o doce, mas, desta vez, preferiu uma lata, escondida dentro de uma bolsa pendurada no ombro.

- É mais prático e posso levar fechado para dividir com meus netos.