Título: Moradores comemoram sua vitória
Autor: Cristiane Madeira
Fonte: Jornal do Brasil, 09/02/2006, Brasília, p. D5

Um dia após o governador Joaquim Roriz decretar uma reviravolta no processo de regularização dos condomínios do Distrito Federal, os moradores comemoravam a vitória. Uma manifestação será realizada para mostrar o contentamento com o ato do Executivo. A data ainda será fixada. A coordenadora do Movimento Popular em Defesa dos Condomínios no DF, Elisabeth Bastos, afirma que agora é hora de vestir roupa branca e sair para as ruas como forma de retribuir a sensibilidade de Roriz. - O governador reconheceu o erro e avaliou a injustiça social que estavam querendo fazer conosco. Temos que mostrar nosso agradecimento. Agora é hora de começar a trabalhar para obter a regularização ambiental e urbanística dessas áreas. A questão fundiária no DF merece atenção, não podem simplesmente impor decisões. É necessário ter debate, entre governo e moradores - disse Elisabeth.

O síndico do condomínio Villages Alvorada (com 417 lotes), Jarbas Ari Machado Júnior, afirma que agora com a suspensão das licitações dos lotes em terras públicas os moradores se sentem mais seguros. Júnior discorda dos valores dos terrenos apresentados pela Terracap:

- O governo não considerou o valor da terra nua como seria o correto. Sempre apoiamos a luta contra a licitação, junto com os moradores do Jardim Botânico. Tinhamos conhecimento que o Village Alvorada era o próximo da lista da Terracap.

Promessa - Jarbas Júnior afirma que agora os moradores de condomínios não são mais vistos como bandidos e grileiros:

- A maioria das pessoas investiram tudo o que tinham para comprar suas casas. Como que essa licitação, totalmente falha, permitia que pessoas físicas disputassem com pessoas jurídicas, não tinha condição. Só esperamos que essa benevolência do governador não seja apenas uma moeda eleitoreira.

O síndico do condomínio Privê Morada Sul, Reinaldo Teixeira, também espera que a promessa não seja enganosa, uma fez que o governador Roriz se comprometeu em estudar a questão fundiária no DF:

- Mesmo sendo de área privada, ficamos receosos de uma ação do governo. Só espero que tudo isso não seja propaganda política.

O funcionário público Jorge Vitório Amador, diz que ninguém se nega a pagar pela regularização, mas que os valores cobrados devem ser justos.

- Como pode um terreno que vale R$ 30 mil ser licitado pelo triplo? O asfalto que corta todo o condomínio, que o governo utiliza para a circulação do transporte público, foi bancado pelos moradores. Isso eles não levam em consideração. Vamos pagar o valor correto, nada a mais - enfatiza Jorge Amador

Receio - Com receio de perder o seu imóvel, no Condomínio Califórnia, e todo o dinheiro investido, a advogada Ana Paula Pedrosa Nogueira, vendeu o seu único bem de valor para arcar com a despesa da licitação, feita no dia 10 de janeiro:

- Quando comprei pela primeira vez esse lote tinha a certeza que estava tudo regularizado, que se tratava de terra particular. Agora, tive que arrematar o meu próprio terreno. Não queria correr o risco de ver a minha casa sendo vendida para outra pessoa. Me desfiz do meu carro para participar da concorrência. Só que temos provas de que o nosso condomínio está em área privada e, por isso, estamos recorrendo à Justiça.