Título: Promoção do turismo
Autor: Cláudio Magnavit
Fonte: Jornal do Brasil, 18/02/2006, Outras Opiniões, p. A11

O trade turístico brasileiro precisa fechar uma posição de veemente defesa do trabalho que está sendo realizado na promoção do Brasil no exterior, de forma especial, no ciclo de feiras internacionais do setor de turismo. Por se tratar de um ano eleitoral, é preciso que a iniciativa privada lute para que o trabalho que vem sendo realizado fique distante das questões político-partidárias, e que mudanças governamentais não altere a continuidade de uma mobilização que, finalmente, começa acertar o tom correto. A presença na BTL (Bolso de Turismo de Lisboa), em Portugal, e na Fitur, em Madri, exemplifica este sentimento de profissionalismo. Os estandes do Brasil transmitiram bem a imagem que se espera do nosso país no exterior. Acoplada ao festival de cores, a presença empresarial teve um tom sério e maduro. Vai-se longe o tempo, apesar da existência de pequenos focos, no qual as feiras internacionais serviam para justificar diárias em dólar e uma verdadeira fuga para dirigentes estaduais de turismo, ávidos em fazer turismo e compras, pouco empenhados em vender os seus destinos. Apesar de ainda existirem estes poucos remanescentes, não encontram eco na postura profissional da Embratur e dos coordenadores dos estandes. São excluídos como um corpo estranho de uma atividade que amadureceu muito nos últimos anos. Uma atividade que ganhou foco com a decisão de Eduardo Sanovicz de propor que a Embratur passasse a cuidar exclusivamente da promoção internacional do país.

O convênio celebrado pela Embratur com a Federação Nacional de Conventions & Visitors Bureaux serve como mola mestra deste processo de profissionalização e identidade nacional. A iniciativa privada está ocupando o seu lugar e o comando de João Moreira, presidente da FBC&VB, tem méritos. Dentro da estrutura da Federação está Elias Borges Filho, gerente de eventos, um turismólogo que é um diplomata nato. Se o Rio Branco perdeu um futuro embaixador, o turismo brasileiro ganhou a força e a onipresença de um profissional nota 10. Junto com Jeanine Pires, diretora da Embratur, que chegou depois de um belo trabalho no Maceió Convention e Visitors Bureau, o Brasil passou a ter uma turma de jovens e abnegados que injetaram sangue novo e profissionalismo.

A promoção de Ronnie Schroeder, da gerência de Novos Mercados para o cargo de diretor da Embratur, substituindo Airton Pereira, que passa a ocupar a Secretaria Nacional de Políticas do Turismo, no lugar de Milton Zuanazzi, que assume a presidência da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), é uma feliz coincidência. O carioca Airton sucede um gaúcho e é sucedido por outro gaúcho. Schroeder foi o braço direito de Zuanazzi na Secretaria de Turismo do Rio Grande do Sul. Se a confirmação de Zuanazzi na Anac deve ser aplaudida de pé pelo turismo, já que representa um upgrade para o setor, a indicação de Airton Pereira para uma das posições mais importantes do ministério deve ser aplaudida de pé pelo trade carioca, que finalmente ganha no ministério uma representação a altura da importância do Rio para o turismo nacional.

O trabalho de Airton Pereira na área internacional da Embratur não só o qualificou, mas representou um acerto na visão do ministro Walfrido dos Mares Guia, que se posiciona como um verdadeiro estrategista, lançando as âncoras para perpetuar a essência de um trabalho profissional, como é o caso do concurso para preencher os cargos efetivos da pasta, que passa a ganhar um quadro definitivo. É uma estratégia que valoriza as pessoas e que constrói uma base sólida para os próximos anos.

Não se pode abrir mão da continuidade deste processo, que só ocorreu porque tivemos um presidente que pôs o setor entre as prioridades. Houve vontade política de prestigiar o turismo e os números estão aí para comprovar o sucesso na geração de divisas e empregos. O trade tem de estar em sintonia com este momento e não deixar que a política venha destruir tudo que se fez nestes últimos anos. Cabe à iniciativa privada esta responsabilidade.

Cláudio Magnavita é presidente da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo, membro do Conselho Nacional de Turismo e diretor do Jornal de Turismo.