Título: Aquece a venda de celular
Autor: Thaís Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 23/11/2004, Economia, p. A20

Total de aparelhos no país deve chegar a 65 milhões até o final deste ano

O mês passado adicionou 1,5 milhão de novos usuários de telefones celulares, totalizando aumento de 13,3 milhões de clientes no Brasil de janeiro a outubro e levando os especialistas do setor a estimar uma expansão na base nacional de usuários de 20 milhões até dezembro.

As projeções tornam-se exeqüíveis quando se comparam os meses de novembro e dezembro aos de anos anteriores. De todos os telefones celulares vendidos em 2003 e 2002, 40% se concentraram nos meses que antecedem o Natal.

Este ano, portanto, é provável que os 13,3 milhões de clientes conquistados nos dez primeiros meses do ano correspondam a 60% das vendas, reservando-se os 40% restantes aos dois últimos meses, com 3,6 milhões cada um ou 7,2 milhões nos dois. Somados aos 13,3 milhões até outubro atingem 20 milhões de novos usuários em 2004, conforme contabiliza Gilson Rondinelli Filho, consultor de telecomunicações da GRF.

Se isto efetivamente acontecer, os brasileiros equipados com um telefone celular vão atingir 65 milhões em 2004. Existem hoje, conforme divulgou a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), 59,6 milhões de usuários. Totalizar 65 milhões na virada para 2005, seria uma conseqüência lógica de dois fatores básicos, raciocina Rondinelli.

O primeiro é a constatação da substituição do telefone fixo pelo celular, fator que se insere numa mudança mais ampla de estilo de vida, na qual a mobilidade assumiu importância progressiva e inexorável. No mesmo contexto está incluída a explosão do uso da internet.

O segundo fator que justifica expansão tão acelerada é a competição estabelecida na telefonia celular no Brasil, com a participação de cinco operadoras - Vivo, TIM, Oi, Brasil Telecom e Claro. A oferta de celulares em dez parcelas mensais de R$ 9,90 é a verdadeira responsável pelo avanço acelerado na clientela das companhias móveis.

O Rio de Janeiro conta com 7,601 milhões de clientes, de acordo com os dados da Anatel, e é o segundo estado do país com a maior densidade de penetração. No mês passado, o índice chegou a 50,57%. Ou seja, a cada grupo de cem pessoas, pouco mais de cinco ainda não possuem celular. O Rio só perde para o Distrito Federal, com penetração de 90,63%.

- O Rio é o único lugar do país em que cinco operadoras disputam cada cliente. Por isso, são muitas as ofertas. Em nenhum outro Estado há tantas operadoras de telefonia móvel. E o potencial de crescimento, principalmente na Região Metropolitana, é enorme já que pouco mais de sete milhões possuem celular - explica Rondinelli.

As estimativas apontam para 100 milhões de usuários no Brasil em 2008, quando o mundo inteiro deverá contabilizar 2,4 bilhões de usuários de telefone móvel, um avanço de 800 milhões sobre o contingente atual de 1,6 bilhão. Em 2008, ainda segundo as estimativas da Merrill Lynch, haverá 508 milhões de celulares na China, 226 milhões nos Estados Unidos e 102 milhões no Japão. Mensalmente surgem, no mundo, 23 milhões de novos clientes e a tendência é cada um ter mais de um telefone.

- Vai ser comum ter vários telefones, assim como se tem vários relógios e canetas - afirmou Rondinelli.

O Brasil não é o único a dar passos largos em direção à telefonia celular. Outros quatro países compõem o grupo dos cinco que mais crescem no mundo: China, que agrega 4 milhões ao mês, Rússia, com 2 milhões, Estados Unidos e Índia com 1,5 milhão cada, e Brasil com 1,3 milhão.

Considerada a venda de telefones em relação à população, o Brasil desponta como segundo colocado mundial em aceleração no segmento móvel. Ou seja, são vendidos mensalmente no país 7,26 celulares por grupo de mil habitantes, taxa que é superada somente pela Rússia, onde 13,89 em cada mil habitantes adquirem um telefone celular ao mês. Os Estados Unidos aparecem em terceiro, com 5,12; a China em quarto, com 3,08, e a Índia em quinto, com 1,41.

Em números absolutos, a China surge como a gigante suprema com 4 milhões de novos usuários agregados ao mês, seguida pela Rússia, 2 milhões, Índia e Estados Unidos, 1,5 milhão, e o Brasil em quinto com 1,3 milhão de média mensal.

Embora esteja bem-situado no contexto do crescimento da cobertura da telefonia móvel, a taxa de teledensidade brasileira (33%) não passa da classificação ''média'' do Global Wireless Matrix , da Merrill Lynch.