Título: Bradesco de olho no mercado oriental
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Fonte: Jornal do Brasil, 24/11/2004, Economia & Negócios, p. A-20

O Bradesco, maior banco privado do Brasil, anunciou ontem uma parceria com o banco japonês UFJ para conquistar clientes brasileiros que residem no Japão. Atualmente, os 300 mil brasileiros que moram no país asiático remetem US$ 2,5 bilhões por ano para o Brasil. De olho em parte deste mercado, o Bradesco vai utilizar a infra-estrutura do UFJ, um dos maiores bancos de varejo do Japão, para oferecer serviços à comunidade nipo-brasileira.

A partir do dia 20 de dezembro, dez agências do UFJ localizadas em cidades onde há grande concentração de brasileiros estarão equipadas com terminais de auto-atendimento e funcionários que prestarão atendimento em português. As máquinas terão inclusive o ícone do Bradesco para facilitar a utilização do serviço. O investimento inicial dos dois bancos será de US$ 20 milhões.

O UFJ planeja depois expandir o auto-atendimento em português para todas as suas 500 agências. Já o Bradesco promete montar um call-center no Brasil somente para atender a comunidade nipo-brasileira no Japão.

Para fazer transferências de dinheiro, o brasileiro que vive no Japão terá de abrir uma conta no UFJ. Depois, pagará uma taxa de 2 mil ienes (cerca de R$ 53,60 pela cotação de ontem) para realizar uma remessa de qualquer quantia para sua conta corrente do Bradesco no Brasil. O dinheiro chegará um dia após a ordem de envio.

O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, disse que, até o final de 2005, a instituição também planeja firmar parcerias semelhantes com o banco português Espírito Santo e o espanhol BBVA e atrair brasileiros que vivem no exterior para sua carteira de clientes.

O UFJ pode se tornar o maior banco do mundo em outubro de 2005, quando está prevista a conclusão de suas negociações de fusão com outra instituição financeira japonesa, o Mitsubishi.

O negócio pode resultar na criação do maior banco do mundo, já que os ativos totais dos dois bancos seriam de cerca de 188 trilhões de ienes (US$ 1,71 trilhão), ultrapassando até mesmo o Citigroup, com ativos avaliados em cerca de US$ 1,19 trilhão.

A iniciativa para a fusão dos dois bancos partiu do UFJ, que tem em carteira empréstimos de baixa qualidade e registrou em 2003 prejuízo de cerca de US$ 3,7 bilhões.