Título: Zarqawi declara guerra às eleições
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Fonte: Jornal do Brasil, 24/01/2005, Internacional, p. A7

Gravação diz que terrorista ampliará luta ''sangrenta'' contra votação do dia 30

BAGDÁ - O terrorista jordaniano Abu Musab al-Zarqawi, líder da rede Al-Qaeda no Iraque, ameaçou ontem lançar uma ''guerra sangrenta'' contra as eleições gerais do próximo domingo no Iraque. Zarqawi pediu que os sunitas iraquianos se juntem à luta e boicotem a votação no dia 30.

Na gravação de áudio divulgada pela internet, uma voz atribuída a ele diz: ''Declaramos uma guerra sangrenta contra os princípios de democracia - promulgados pela administração dos EUA - e seus representantes.''

A voz declara ainda que ''as eleições são uma armadilha injusta para garantir aos Rafida (nome pejorativo dado aos xiitas) o controle das engrenagens de poder no Iraque. Declaramos uma guerra selvagem a este processo desprezível''. O terrorista afirmou na gravação que ''os candidatos às eleições buscam se tornar semideuses e aqueles que votarem serão infiéis''.

A voz atribuída a Zarqawi diz que o processo eleitoral com o qual os Estados Unidos pretendem levar a democracia ao Iraque é ''uma grande mentira''. A voz também acusa o governo do primeiro-ministro Iyad Allawi de ser ''uma marionete'' manipulada por Washington, que quer pôr em prática seus planos de dominação no país árabe.

A voz de Zarqawi, embora de autenticidade ainda não comprovada, parece coincidir com as de gravações anteriores também atribuídas ao terrorista jordaniano.

Em resposta à gravação, Allawi declarou que fará o que for possível para garantir a segurança dos 5 mil postos eleitorais e controlar ''as forças do mal que querem destruir o Iraque''.

- Estamos determinados a fazer o melhor para evitar o aumento da violência durante as eleições - disse à rede de televisão BBC.

Diferentes facções sunitas iraquianas, que representam mais de 20% de uma população de 25 milhões, anunciaram sua intenção de boicotar o pleito ao considerar que a violência no país impedirá uma grande parte de sua comunidade de votar nos colégios eleitorais.

Os homens de Zarqawi também afirmaram ontem, numa página na internet, ter assassinado Salem Jaafar Al-Kanani, um membro do partido do primeiro-ministro iraquiano.

O foragido jordaniano é considerado pelas forças americanas a maior ameaça terrorista do Iraque e atualmente são oferecidos US$ 25 milhões por sua captura.

No sábado, o ministro iraquiano do Interior, Faleh al-Naqib, revelou as medidas de segurança que serão implementadas para garantir a segurança dos que participarem do pleito.

Durante os dias da votação haverá no país um toque de recolher noturno, no qual será detido qualquer um que circular de carro ou portar armas.

- A circulação de veículos entre províncias e nos limites dos colégios eleitorais ficará restrita - disse. Só as forças de segurança, os que trabalham nos colégios eleitorais, as ambulâncias e os meios de comunicação poderão se deslocar livremente.

Além disso, entre os dias 29 e 31, todas as fronteiras iraquianas permanecerão fechadas, e também o aeroporto internacional de Bagdá.