Título: Cresce o medo de grampo entre autoridades
Autor: Carneiro, Luiz Orlando; Falcão, Márcio
Fonte: Jornal do Brasil, 12/08/2008, País, p. A11

A explosão dos diálogos das interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal no caso Daniel Dantas, que atingiram o governo Lula, retomou na cena política, em Brasília, uma série de medidas preventivas. Senadores, deputados e ministros estão mais adeptos de celulares pré-pagos e chegam a contratar empresas para fazer varreduras em seus gabinetes. Mas tudo é feito de forma a não chamar atenção.

Apesar de desembolsarem até R$ 200 mil para garantir a privacidade, deputados e senadores contam com um sistema anti-grampo desenvolvido pelo Departamento de Polícia das duas Casas, mas que só entra em ação se for acionado pelo parlamentar. No Senado, de julho de 2006 até julho de 2007, a Polícia Legislativa fez 30 varreduras, entre plenário, gabinetes e comissões. Duas grandes operações foram desencadeadas no ano passado, durante os julgamentos do ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL).

¿ Temos tecnologia (anti-grampo) de ponta para garantir tranquilidade aos parlamentares - sustenta o diretor da Polícia do Senado, Pedro Carvalho.

Segundo os agentes do Congresso que trabalham na segurança telefônica de parlamentares, os pedidos de varreduras são cíclicos e sempre aumentam quando saem novas operações da PF. Na Câmara e no Senado, no entanto, eles garantem que o grampo é mais difícil de ser feito, uma vez que há uma central telefônica específica e o ramal dos aparelhos utilizados não é fixo.

Apesar da confiança depositada pelo Departamento de Polícia do Congresso, parlamentares sentem-se inseguros e resolveram mudar hábitos.

¿ Não me sinto protegido ¿ disse o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

De acordo com levantamento da CPI das Escutas Telefônicas, hoje, para descobrir se está grampeado, gasta-se, em média, R$ 3 mil. Para grampear na ilegalidade é preciso gastar R$ 15 mil. (M. F.)