Título: Setor projeta capacidade de mais 80 milhões de m2 até 2006
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2005, Economia, p. B10

O crescimento das vendas, mesmo diante da estagnação do mercado brasileiro, é a justificativa para a 'China brasileira'seguir em direção ao aumento da capacidade de produção. O que ocorre é simples. O Pólo Cerâmico de Santa Gertrudes tem, a partir da competitividade de preço, tomado o mercado interno de outras regiões. É esta condição que alimenta mais investimento em produção. A Cerâmica Buschinelli, por exemplo, conclui até o fim do primeiro semestre de 2006 a construção de uma nova fábrica em Araras, onde produzirá 12 milhões de metros quadrados de revestimento. Uma expansão de 100% em relação ao que é produzido hoje. A ampliação custará US$ 7 milhões numa fábrica inteiramente nova. Por ora, apenas a unidade de processamento da argila está montada e em fase final de ajuste. Uma motoniveladora prepara o terreno que abrigará as linhas de produção de cerâmica.

Não é um movimento isolado. A Embramaco, a maior da região, ampliará a capacidade de produção de 900 mil m2 por mês para 1,5 milhão de m2 até o final de 2005. A expansão ocorrerá na unidade que produz a marca Acro, produto orientado para o mercado da classe C. Embora boa parte da produção do Pólo de Santa Gertrudes atenda ao mercado de baixa renda, as instalações industriais são tão modernas quanto as melhores cerâmicas do mundo.

O processo industrial é totalmente automatizado, da extração da argila à expedição da cerâmica. "Não existe manipulação do produto", diz Luiz Aparecido Siqueira, diretor industrial da Acro. Os modernos fornos (a gás natural) permitem o controle automático da temperatura para cozimento da cerâmica. O ciclo de cozimento é de 28 minutos. É o tempo que uma placa cerâmica leva para entrar no forno e sair, pronta. Há alguns anos, este tempo poderia ser de horas.

AMPLIAÇÃO

A Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer), com sede em Santa Gertrudes, anuncia robusto incremento da capacidade de produção para 2006, mesmo frente à estagnação do mercado brasileiro. As vendas do pólo no mercado interno cresceram 15% no mesmo período. O setor promete agregar mais 80 milhões de m2 anuais à capacidade atual de produção a partir de janeiro do próximo ano.

Isso elevará o potencial fabril instalado de 370 milhões para 450 milhões de m2. Esta expansão pode não ocorrer nessa velocidade, mas só a disposição de Santa Gertrudes de aumentar a capacidade, provavelmente tirará o sono de muitos ceramistas do País. Para entender a dimensão da estrutura em formação no pólo, os 450 milhões de m2 equivalem sozinho ao que foi consumido no País em 2004. O investimento estimado pode variar de R$ 200 milhões a R$ 260 milhões.

A invasão da "China brasileira" sobre o mercado cerâmico avançou nos últimos anos e, no momento, nada parece domá-la. E, pela disposição do setor, depois de dominar o mercado interno, chegou a hora de avançar sobre o externo.