Título: Para OAB, presidente pode ter prevaricado
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2005, Nacional, p. A8

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, declarou que a conduta do presidente Lula "pode caracterizar, em tese, crime de prevaricação". Para Busato, "se havia ilicitudes o presidente não poderia se omitir, tinha o dever de levar o caso à frente". Ele disse que "não é crível que o presidente seja apenas vendedor de otimismo, porque foi eleito para administrar o País". Busato ressalta que "se ele (Lula) conhecia a imoralidade seu dever era levar ao conhecimento do Ministério Público". O presidente da OAB considera que Lula deve "esclarecer e revelar os fatos, indicando nomes para que se verifique se ainda há possibilidade de abrir investigação e processo criminal". Busato disse que o presidente não o surpreendeu. "Ele não tem dado a importância devida ao próprio cargo, pensa que ainda é líder sindical." Para o juiz Grijalbo Coutinho, presidente da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho, o comportamento de Lula "não condiz com sua biografia porque sempre cobra transparência e foi ele quem exigiu o fim da caixa preta do Judiciário". Coutinho disse que prefere "não falar em prevaricação, mas no mínimo em omissão". Observou que o presidente "tinha obrigação legal de comunicar os fatos ao Ministério Público, em nome da transparência que tanto prega e cobra". Jorge Maurique, presidente da Associação dos Juízes Federais, disse acreditar que Lula "usou figura de retórica". "Se soube da denúncia e não mandou apurar é momento de muita tristeza para o País, ficam indícios de um comportamento no mínimo reprovável."