Título: 'Está todo mundo louco pelo aumento'
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2005, Nacional, p. A9

O presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), acusou ontem de demagógicos os partidos que estão contra o aumento salarial dos parlamentares dos atuais R$ 12.840,00 para R$ 21.500,00. O PT, o PSDB, o PPS, PDT, o PC do B e o PSB já fecharam questão contra o projeto de decreto legislativo que prevê o reajuste de 67% no salário dos parlamentares e deverá ser votado na semana que vem na Câmara. "Está todo mundo louco pelo aumento", afirmou Severino. O PFL decidiu que irá liberar sua bancada de 61 deputados. Do total de 513 deputados, apenas 198 (bem menos do que a metade da Casa) estaria disposta a barrar o aumento salarial.

"É um problema desses partidos que estão fazendo apenas demagogia. Não vai perder (no plenário). Tenho certeza porque demagogos têm poucos aqui na Câmara", afirmou Severino. Confiante na aprovação do aumento pelos deputados, o presidente da Câmara afirmou que não se "importa com a posição do Senado" sobre o projeto que reajusta o salário dos parlamentares. Se o projeto for aprovado na Câmara, ele segue para a apreciação dos senadores. "Tenho responsabilidade com esta Casa. Quem está chefiando o poder Executivo (sic) é Severino Cavalcanti e, portanto, eu irei botar (para votar)", argumentou o presidente da Câmara.

As lideranças dos cinco partidos da base aliada que estão contra o aumento defenderam uma ampla mobilização da sociedade para que a proposta seja derrubada. "Só vamos conseguir derrubar esse reajuste se tiver uma mobilização dos líderes das bancadas e uma boa movimentação da sociedade contra o aumento", disse o líder do PSB, deputado Renato Casagrande (ES). Ele disse que o seu partido vai "trabalhar com intensidade' para rejeitar a proposta e vai pedir que a votação do reajuste seja nominal.

Casagrande afirmou ainda que o PSB também decidiu que vai votar contra o aumento salarial de R$ 21,5 mil para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). "É uma hipocrisia votar contra o aumento da Câmara e a favor do aumento do Supremo", argumentou o socialista. Já o líder do PTB, deputado José Múcio Monteiro (PE), disse que vai votar contra o aumento salarial, mas que não tem como fechar questão contra a proposta na bancada. "Tem deputados do PTB que são favoráveis ao reajuste e outros que não", afirmou Múcio, ao assinalar que não assinou o pedido de urgência para pôr em votação o projeto.

O deputado Chico Alencar (PT-RJ) informou que o Movimento pela Ética na Política vai lançar hoje, no Rio de Janeiro, uma campanha contra o aumento salarial para os parlamentares. O petista reagiu às declarações de Severino Cavalcanti, que acusou os partidos de demagogia.

"Não aceitamos esse jogo baixo de dizer que quem está contra quer o aumento", observou Alencar. "Quem quer é que vota a favor", completou.

O líder do PFL, deputado Rodrigo Maia (RJ), argumentou que o partido decidiu liberar a bancada sobre o projeto de aumento salarial.