Título: Irã rejeita entrada dos EUA no diálogo com a Europa
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2005, Internacional, p. A16

QUESTÃO NUCLEAR: O Irã rejeitou ontem a proposta de que os EUA participem das negociações realizadas com a Europa sobre seu programa nuclear, argumentando que isso não resolveria nada e até mesmo poderia levar ao fracasso das conversações. "A República Islâmica não vê nenhuma razão para que os EUA participem nas negociações entre o Irã e a Europa", declarou o porta-voz da Chancelaria iraniana, Hamid Reza Assefi, citado pela agência oficial Irna.

"Se os americanos entrassem nestas negociações, no melhor dos casos não acrescentariam nada e, no pior, poderiam fazer com que tudo fracasse", disse Assefi, em um momento em que os europeus se esforçam para obter o apoio americano a suas negociações para obter a garantia de que os iranianos não estão fabricando a bomba atômica.

"Esperamos que os europeus continuem atuando com total independência, apesar de os americanos estarem tentando persuadi-los de que não podem falar sozinhos com os iranianos", acrescentou.

Alemanha, França e Grã-Bretanha estão negociando com o Irã na tentativa de convencê-lo a dar "garantias objetivas" da natureza civil de suas atividades nucleares, em troca de uma cooperação nuclear, tecnológica e comercial.

Os europeus buscam obter o apoio dos EUA sem o qual a iniciativa corre o risco de fracassar. O programa nuclear iraniano foi um dos principais temas da viagem à Europa do presidente George W. Bush.

O principal negociador do Irã para a questão nuclear, Hassan Ruhani, afirmou ontem em Paris que a conversa que manteve ontem com o presidente francês, Jacques Chirac, deu um "novo dinamismo" à negociações de Teerã com a Europa. "Estimamos que a excelente conversa com Chirac permitirá aportar um novo dinamismo às negociações", declarou após o encontro de uma hora com o líder francês. Ele disse que Chirac não lhe transmitiu nenhuma mensagem de Bush e destacou que "nosso interlocutor principal" é o trio formado por Alemanha, França e Grã-Bretanha.