Título: Pentágono quer carta branca para agir
Autor: Ann Scott Tyson
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2005, Internacional, p. A17

O Pentágono está elaborando um plano de contraterrorismo global que permitiria às forças de operações especiais entrarem em um país estrangeiro para conduzir operações militares sem informar o embaixador americano lá, revelaram anonimamente funcionários do governo. O plano poderia debilitar a antiga autoridade do "chefe de missão" sob a qual o embaixador americano, como principal representante do presidente em um país estrangeiro, decide se garante a entrada do pessoal do governo dos EUA com base em considerações políticas e diplomáticas.

As missões das operações especiais previstas no plano poderiam ser amplamente secretas, de conhecimento de apenas alguns funcionários do país estrangeiro, se forem.

A mudança consta de um relatório altamente secreto chamado de "ordem de execução" - parte de uma ampla estratégia desenvolvida desde os ataques de 11 de setembro de 2001 - para dar ao Comando das Operações Especiais dos EUA nova flexibilidade para capturar e destruir redes terroristas no mundo inteiro, disseram funcionários.

"Esta é uma ordem militar em uma escala global, algo que não existe desde a 2.ª Guerra", disse anonimamente um funcionário de contraterrorismo com larga experiência em operações especiais.

O Pentágono considera uma maior margem de ação vital para permitir que comandos lancem operações rapida e furtivamente contra grupos terroristas sem o demorado debate entre agências, disse um funcionário do governo. Para o Pentágono, a campanha contra o terrorismo é uma guerra e requer liberdade similar de ação como no Iraque, onde o comando militar se coordena com a embaixada dos EUA, mas não é sujeito à tradicional autoridade do "chefe de missão".

O Departamento de Estado e a Agência Central de Inteligência (CIA) têm combatido a proposta, dizendo que ela pode perigosamente diluir a autoridade do embaixador americano e do chefe local da CIA para supervisionar as atividades militares e de inteligência dos EUA em outros países.

Nos últimos dois anos, o Departamento de Estado tem repetidamente bloqueado os esforços do Pentágono para enviar forças das operações especiais clandestinamente a outros países e sem aprovação formal do embaixador, disseram atuais e ex-funcionários.