Título: Mercado se anima, dólar e Bolsa sobem
Autor: Fábio Alves, Lucinda Pinto, Priscilla Murphy
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2005, Economia, p. B1

O mercado financeiro reagiu com euforia à ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A reação ao texto mais ameno foi exatamente como manda o manual clássico: caíram as projeções de juro futuro e subiram o dólar e a Bolsa. A melhora no humor do mercado diante dos sinais de que a Selic está muito perto do teto - ou, quem sabe, já o atingiu na reunião passada - aconteceu de forma sólida, com volumes de negócios bastante generosos.

A Bovespa fechou em alta de 4,55%, os juros futuros caíram e o dólar subiu 1,46%, para R$ 2,632, a maior cotação desde 28 de janeiro. Os recibos de ações brasileiras negociados em Nova York também registraram forte alta.

Com a perspectiva de um fim próximo do aperto monetário, as taxas de juros futuras, que refletem a expectativa dos investidores para a Selic, tendem a cair. O dólar, por sua vez, tende a subir porque juros menores no futuro atrairiam menos capital especulativo para o Brasil.

No caso da bolsa, os juros potencialmente menores melhoram a perspectiva de ganhos com ações, comparados ao rendimento potencial da renda fixa. Além disso, quanto maiores os juros básicos, mais dificuldades as empresas têm para se financiar, o que acaba se refletindo nos lucros.

O índice de ADRs brasileiros Dow Jones Brazil Titans 20 fechou em alta de 3,8%, em 13.087 pontos. O índice, lançado no fim do ano passado pelo grupo Dow Jones, inclui as 20 ações de empresas brasileiras de maior liquidez e capitalização de mercado negociadas nas bolsas americanas.

A estrategista para América Latina do banco Royal Bank of Scotland, Flavia Cattan-Naslausky, disse ter ficado surpresa com o tom "bem menos conservador" da ata do Copom. "Basta lembrar que na ata de janeiro o Copom chegou a cogitar um ritmo de aperto monetário maior que 0,5 ponto porcentual."

Vários analistas estão revisando as apostas para o Copom de março e abril. Como o Copom enfatizou que o processo de aperto monetário prosseguirá, embora esteja próximo do fim, Cattan-Naslausky continua projetando mais um aumento de 0,5 ponto para a Selic em março. Mas "agora a dosagem de aumento de juros em abril está incerta".