Título: Alemanha apóia fim do subsídio do açúcar
Autor: Fernando Scheller
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2005, Economia, p. B11
O governo brasileiro tem um aliado importante na briga dos subsídios do açúcar com a União Européia para o setor sucroalcooleiro. Ontem, durante a Biofach, maior feira de produtos orgânicos do mundo, a ministra da Agricultura da Alemanha, Renate Künast, afirmou que a estratégia de alguns países da União Européia, que reexportam o açúcar produzidos em suas ex-colônias na África, afeta o equilíbrio do mercado mundial do produto e tem de ser modificada. "Esperamos que seja até novembro deste ano, nas negociações de Hong Kong", disse a ministra, referindo-se à reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) que se realizará no país asiático. A declaração da ministra vai ao encontro do projeto de redução de subsídios apresentado no ano passado pela Comissão Européia, que reduz subsídios, mas ainda enfrenta oposição interna para ser aprovado. A intenção de atender às reclamações do Brasil também se ajusta na aproximação entre Mercosul e União Européia para a quebra mútua de barreiras comerciais.
A reunião ministerial de Hong Kong, no fim deste ano, será a primeira desde o encontro realizado há dois anos, em Cancún (México). Na reunião mexicana, um grupo de países em desenvolvimento liderado pelo Brasil - batizado então de G-20 - interrompeu as negociações com as nações desenvolvidas por falta de acordo na questão dos subsídios agrícolas. O grupo de países em desenvolvimento conseguiu também interromper a discussão sobre a liberalização dos mercados do Hemisfério Sul para investimentos, uma reivindicação de nações como Estados Unidos e Japão.
Embora tenha ficado satisfeito com o apoio da colega alemã, o ministro da Agricultura brasileiro, Roberto Rodrigues, afirmou que o apoio da Alemanha deve ser visto com cautela. "A Alemanha é parceira importante do Brasil na busca por termos mais justos no comércio internacional." Apesar de a Alemanha ser a maior economia da Europa, explicou, a posição do país nem sempre prevalece na União Européia, mercado comum formado por 23 países.