Título: Em reunião secreta, PT discute ministério
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/01/2005, Nacional, p. A10

Em reunião secreta realizada ontem à noite, ministros do PT criticaram a articulação política do governo e começaram a definir o destino do partido na reforma ministerial. A avaliação interna foi pedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vai fazer mudanças no primeiro escalão até março. No PT há avaliação quase unânime de que a divisão da Casa Civil há um ano foi um erro. Depois da derrota na Câmara, porém, os petistas reforçaram esse discurso com outros argumentos. Um dos poucos defensores do titular da Coordenação Política, Aldo Rebelo - do PC do B -, é o ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Em conversas reservadas, outros ministros do PT dizem que o partido não pode ficar fora da coordenação política justamente agora que é preciso começar a montar o palanque com os aliados para o projeto de reeleição em 2006. O dilema permeou boa parte das conversas. Enquanto Lula jantava na Granja do Torto com o príncipe das Astúrias, Felipe de Borbón, os ministros petistas tentavam encontrar uma saída. A reunião foi na sede do PT e contou com a presença do presidente do partido, José Genoino. Durante o encontro, deputados telefonaram e informaram que Paulo Rocha (PA) havia sido eleito líder na Câmara. Rocha teve apoio do ministro da Casa Civil, José Dirceu, e do ex-presidente João Paulo Cunha (SP).

O critério para a degola petista na reforma ministerial não foi fechado na reunião. Um ministro disse ao Estado, porém, que a mudança não deve ser tão ampla como se imagina. Em outras palavras: não haverá debandada de integrantes do PT no governo.

"A reforma tende a ser pontual", comentou esse ministro. "O presidente Lula quer fazer um governo de coalizão e contemplar os aliados, mas não vai sair distribuindo ministérios a torto e a direito." Até agora, o raciocínio predominante no Planalto é o seguinte: antes ter uma base menor e mais fiel a um aglomerado de parlamentares que a cada votação faz mais pedidos para apoiar o governo. "O problema é mais complexo do que a troca de um ministro", tem dito o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).