Título: Biodiesel de soja, girassol e nabo: projeto da Petrobrás já está pronto
Autor: Cley Scholz
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2005, Economia, p. B6

A Petrobrás tem um estudo pronto para produzir biodiesel no Sul do Estado do Paraná com plantas oleaginosas como soja, girassol e nabo. O projeto está sob responsabilidade da Gerência de Gás e Energia da estatal. O investimento para a produção em larga escala é estimado em R$ 15 milhões, segundo fontes envolvidas no estudo. A Petrobrás aproveitará as instalações da unidade de São Mateus do Sul, 140km de Curitiba. Desde os anos 70, a Petrobrás mantém na região a Unidade de Negócios de Industrialização do xisto (mineral com baixo teor de óleo usado para produzir óleo combustível e outros derivados). Na mesma unidade, a empresa já desenvolveu uma tecnologia de aproveitamento de pneus velhos em óleo combustível para usinas termoelétricas.

A capacidade de produção de biodiesel em São Mateus pode variar de 10 mil a 40 mil toneladas/ano. O estudo indica que o ideal seriam 40 mil toneladas/ano, para garantir ganho de escala. O projeto é desenvolvido em conjunto com órgãos ligados à agricultura no Paraná e Santa Catarina.

A produção de biodiesel deve beneficiar agricultores do Sul do Paraná e Santa Catarina. Já há tecnologia para o uso da soja, mas o girassol precisa ser adaptado à região, e os pesquisadores estudam melhorias agronômicas no nabo para seu aproveitamento como matéria-prima. Há possibilidade ainda de usar canola e amendoim.

Segundo o estudo de viabilidade, a demanda no Brasil gira em torno de 800 mil toneladas para biodiesel. A produção em São Mateus do Sul poderá começar no fim de 2006 ou início de 2007. A produção começará com soja, mas a proposta prevê a inclusão de pequenos produtores agrícolas que poderiam fornecer nabo, girassol, canola e outros produtos.

Uma medida provisória convertida em lei determina a adição de 2% de biodiesel misturado ao diesel ao fim de três anos, o que cria um mercado firme de pelo menos 800 milhões de litros do combustível em 2008. A perspectiva é de que, em oito anos, a mistura compulsória suba para 5%.