Título: Contratação de parentes continua a todo vapor
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/02/2005, Nacional, p. A7

Além dos gastos excessivos, as Câmaras de São Paulo cultivam outra velha praxe da política brasileira, a contratação de parentes. Muitas foram transformadas pelos vereadores em verdadeiras extensões de suas casas. Em Sorocaba, oito dos 15 vereadores levaram familiares para seus gabinetes com salários de até R$ 2,5 mil. O vereador e pastor evangélico Moacir Luís Silva de Oliveira (PSDB) é o campeão em nepotismo. Emprega a esposa e a sobrinha no gabinete e tem três outros sobrinhos em cargos na Câmara. Tem ainda uma filha e dois irmãos contratados pela prefeitura. Ele alega que está dentro da lei e os parentes são reconhecidos como bons servidores.

A vereadora e também pastora Neusa Maldonado (PDT) levou a filha para o gabinete e já anunciou a contratação do filho. "Ele vai fazer sacrifício trabalhando comigo, pois terá perda salarial", diz. Ela garante que os filhos "são competentes". Outro vereador e pastor, Irineu de Toledo (PL), dispensou a esposa que o assessorava, mas manteve a filha no cargo.

O presidente da Câmara, Waldomiro Raimundo de Freitas (PFL), discorda da contratação de parentes, mas diz que nada pode fazer. "Os cargos são de livre provimento dos vereadores." O vereador Marinho Marte (PMDB) apresentou um projeto, em 2000, visando proibir o nepotismo. Segundo ele, muitos colegas usam desse expediente para aumentar a renda familiar, sem se preocupar com a boa prestação do serviço público. A proposta nem chegou a ser discutida, pois um parecer da consultoria jurídica a considerou ilegal. Diante do que considera um abuso, ele voltou a pôr o projeto em pauta. "É um comportamento que transforma o Legislativo em cabide de emprego."