Título: Nova técnica beneficia prematuros
Autor: Clarissa Thomé
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/02/2005, Vida &, p. A9

Um tratamento simples e barato pode apressar o início da amamentação em bebês nascidos com menos de 34 semanas de gestação, que não têm capacidade de sugar, engolir e respirar coordenadamente. O método foi testado em 67 recém-nascidos no Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e permitiu ainda que os prematuros que se submeteram ao tratamento pudessem mamar dez dias antes que as crianças do grupo de controle e tivessem alta 11 dias mais cedo. "Isso é importante porque a criança fica livre do hospital, que é sempre um local com risco de infecção. É bom para a mãe, que tem mais chance de ter leite. E também é uma economia para o Estado, porque um bebê em UTI custa entre R$ 900 e R$ 3 mil por dia", diz a coordenadora da pesquisa, a fonoaudióloga Adriana Duarte Rocha.

Dos 67 prematuros 35 passaram pelo tratamento e 32 ficaram no grupo de controle, para comparação. Os bebês estudados nasceram com peso inferior a 1,5 quilo e, inicialmente, receberam alimentação pela veia. Depois que o estado de saúde foi estabilizado, passaram a ingerir o leite materno ou do banco de leite por uma sonda que vai da boca ao estômago. Nesse momento, os pesquisadores passaram a atuar.

O método para estimulá-los consiste em massagear bochechas, gengiva, céu da boca e língua. As crianças que participavam da pesquisa eram massageadas por três fonoaudiólogas, durante 15 minutos, antes de receber o leite. Quando começavam a ser alimentadas, sugavam o dedo das fonoaudiólogas.

Esses procedimentos foram repetidos cinco vezes por dia e cinco vezes por semana, até que eles pudessem se alimentar por via oral. Os prematuros que passaram pelo estudo também conseguiram deixar a sonda definitivamente e alimentar-se somente por sucção dez dias antes dos demais recém-nascidos. Em conseqüência, 57,1% deles mamavam exclusivamente no seio materno no momento da alta. Já entre os bebês que não receberam massagens, apenas 21,9% conseguiam mamar.

Todos os bebês tinham entre 26 semanas e 32 semanas de idade gestacional, estavam estáveis e não eram portadores de malformações. O próximo passo da pesquisa é saber se a estimulação funciona em bebês que apresentam infecções ou hemorragias ou têm algum tipo de malformação.