Título: Comércio ainda tem bom fôlego
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2005, Economia, p. B5

Se depender do comércio, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2004 deve continuar neste ano. Duas pesquisas divulgadas ontem mostram que as vendas no varejo nos dois primeiros meses deste ano cresceram a um ritmo de 5,1% ante igual período de 2004 - quase a mesma taxa registrada para o PIB no ano passado inteiro. Segundo pesquisa da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), o faturamento real de janeiro cresceu 5,11% ante mesmo mês de 2004 e foi o melhor janeiro desde 2003. Dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostram que as consultas para vendas à vista e a prazo aumentaram 5,15% em média no mês passado, em relação a fevereiro de 2004. "O resultado das vendas de fevereiro foi bom", diz o economista da ACSP, Emílio Alfieri, e o motor do crescimento continuou sendo o crediário. No mês passado, as consultas para vendas a prazo aumentaram 6,6%, ante 3,7% para negócios com cheque à vista ou pré-datado. "O crediário se mantém com taxa de crescimento de 6% porque as lojas não repassaram a alta da taxa básica de juros e os bancos reforçaram a oferta de crédito fechando parcerias com o varejo", diz Alfieri. Mas houve pequena retração, pois até setembro as vendas financiadas cresciam a uma taxa de 7,4%. "A dúvida é saber se será possível manter o ritmo de 6%."

SINAIS

Para o assessor econômico da Fecomércio, Altamiro Carvalho, os números de janeiro já mostram que o fôlego é curto. "Até o ano passado, havia certa homogeneidade entre as taxas de crescimento da maioria dos segmentos do varejo." Em janeiro, houve uma clara diferenciação: concessionárias de veículos, revendas de autopeças e de eletrodomésticos tiveram crescimento real e significativo no faturamento, e setores importantes, como o de supermercados (-12,74%), enquanto registraram taxas negativas.

Para o economista, o desempenho negativo dos supermercados pode refletir o maior endividamento do consumidor, especialmente com os impostos no início do ano. Os números da ACSP não confirmam a hipótese. O número de carnês inadimplentes em fevereiro aumentou 9% ante mesmo mês de 2004, mas abaixo do crescimento dos carnês renegociados (12%) no período.