Título: Palocci: câmbio não muda ainda
Autor: José Ramos
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2005, Economia, p. B6

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, indicou ontem que não tem pressa em adotar medidas na área cambial. Ele evitou comentar a declaração do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, que neste mês o governo determinaria o alongamento do prazo para os exportadores transformarem em reais os dólares obtidos em suas transações no exterior. "Nós só falamos de medidas econômicas quando são tomadas", afirmou. "O adequado é que possamos avaliar as proposições que existem hoje sobre isso e, assim que formos tomar alguma medida, ela será devidamente anunciada." Segundo ele, há, de fato, estudo de medidas para modernizar as regras de câmbio. Mas não se comprometeu com prazos para anunciá-las. O alongamento no prazo de internalização dos dólares das exportações é defendida por Furlan desde o final de 2004, como medida para conter a queda do dólar ante o real e preservar a competitividade das vendas externas. É uma visão diferente da que têm os técnicos do Banco Central (BC) e do Ministério da Fazenda. O BC vem estudando o alongamento já há alguns meses, mas como forma de modernizar essa legislação, herança da crise cambial do fim dos anos 80. Para os técnicos, o alongamento do prazo não vai, necessariamente, fazer o dólar subir - depende do exportador decidir esperar com dólares na mão ou não.

A equipe de Palocci insiste que a queda do dólar não é um problema brasileiro, mas global. Por isso, não seria o caso de agir pontualmente. "A questão da desvalorização do dólar não é um caso brasileiro. O mundo todo está lidando com esse problema hoje. Uma medida isolada não vai resolver a situação do dia para noite", destacou uma fonte ligada ao assunto.