Título: BNDES teve lucro recorde de R$ 1,5 bilhão
Autor: Alaor Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2005, Economia, p. B7
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) encerrou 2004 com lucro líquido de R$ 1,498 bilhão, montante 44% acima do obtido em 2003 e recorde absoluto na história da instituição. No último trimestre do ano, porém, o banco estatal de fomento perdeu R$ 751 milhões devido à necessidade de fazer novas provisões, já que o banco fez uma reclassificação dos riscos da sua carteira de empréstimos. Até setembro, o lucro líquido contabilizado pelo banco era de R$ 2,249 bilhões. No final de 2003, 61,8% da carteira de crédito era contabilizada como AA (riscos mais baixos) e esse percentual caiu para 27,6% no final do ano passado. Com essa reclassificação, o BNDES teve de complementar provisões para risco de crédito no montante de R$ 467 milhões, elevando o total de provisões para R$ 1,638 bilhão. Nas notas divulgadas pela instituição com os resultados preliminares de 2004, o banco afirma que o "nível de provisão não vinha sendo adequado para cobrir as perdas efetivas ocorridas dentro desses níveis". O BNDES não fez provisões específicas para operações com o Banco Santos, já que passou a receber diretamente os repasses feitos através daquela instituição, após a intervenção do Banco Central no banco.
O lucro de 2004 resultou, basicamente, da valorização da carteira de títulos, já que as operações de empréstimos registraram equilíbrio entre receitas e despesas. As receitas com operações de empréstimos totalizaram R$ 9,494 bilhões, mas as despesas somaram R$ 9,443 bilhões, com saldo líquido de R$ 51 milhões De qualquer forma, o resultado operacional de 2004 foi melhor do que o de 2003, quando as operações de crédito deram prejuízos de R$ 563 milhões, com receitas de R$ 3,613 bilhões e despesas de R$ 4,176 bilhões. No final do ano passado, o banco tinha R$ 122 bilhões em operações de crédito. Mesmo com baixos ganhos nos empréstimos, o BNDES não deverá elevar os spreads (remuneração do banco). Ele admitiu que o assunto está sempre sendo monitorado pelo banco, mas garantiu que não haverá aumento dessa taxa, aventando apenas com a possibilidade de algum "rebalanceamento" ou "rebalanceamento" entre diversas operações.
Com o lucro de 2004 e a decisão do governo de distribuir menos dividendos, o BNDES não precisará de capitalização extra para executar o seu orçamento de 2005, que prevê desembolsos de R$ 60 bilhões, disse Kawall. Ele admitiu, porém, que possam surgir dificuldades para operações específicas com alguns "grupos econômicos", devido à grande exposição individual, como Petrobras, Embraer ou mesmo CPFL. "Esse é um bom problema", disse Kawall, comentando a possibilidade de essas empresas solicitarem mais créditos junto ao banco.
Segundo o BNDES, o patrimônio líquido da instituição atingiu R$ 14,1 bilhões no final de 2004, com o patrimônio de referência somando R$ 21,1 bilhões. Com isso, o índice de Basiléia do banco estava em 15,4% no final de 2004, "uma situação confortável em relação ao mínimo de 11,0% exigido pelo BC", assinala a nota do banco. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido do banco atingiu 11,1% em 2004.