Título: CSN lucra R$ 1,98 bilhão e vai investir US$ 520 milhões
Autor: Beth Moreira
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2005, Economia, p. B15

Após divulgar um lucro líquido de R$ 1,982 bilhão no ano passado - um crescimento de 92% sobre o ano anterior -, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou que vai manter este ano sua estratégia de atuação, com investimentos programados de US$ 520 milhões. Segundo a empresa, nem a compra da participação da família Rabinovich na Vicunha Steel (dona de 46% da CSN) pela família Steinbruch, liderada pela presidente da siderúrgica, Benjamin Steinbruch, deve mudar esse panorama. Segundo o diretor-executivo de investimentos e relações com investidores da CSN, Lauro Rezende, a programação de investimentos para 2005 inclui a continuidade do projeto de expansão da mina de Casa de Pedra, que produz minério de ferro em Minas Gerais; a preparação do porto de Sepetiba (RJ) para exportação; e, também, a construção de uma pelotizadora (ainda sem local definido). Rezende afirmou que não há desejo de vender a companhia, pelo menos no curto prazo. O executivo preferiu não comentar qual deverá ser o valor da transação entre as famílias Rabinovich e Steinbruch, nem o prazo de pagamento.

Segundo Rezende, a empresa destinará US$ 20 milhões para seu projeto de produção de cimento, que deve se iniciar ainda neste ano. Apesar de o projeto estar entrando na fase final, ainda não foi definido o local da nova fábrica. De acordo com ele, a empresa tem três opções, mas prefere mantê-las em segredo.

A previsão da CSN é alcançar até 2006 uma produção de 40 milhões de toneladas de minério de ferro, das quais 9 milhões serão consumidas pela própria empresa. A maior parte, 31 milhões de toneladas, ficará disponível para venda a clientes no mercado interno e internacional. Para a unidade de pelotas, a previsão é de alcançar uma produção de 6 milhões de toneladas por ano, das quais 1,5 milhão serão utilizadas pela própria CSN.

Segundo Rezende, a previsão é de que o minério de ferro produzido pela CSN seja comercializado no mercado pelo preço internacional. "É uma commodity e por isso deve ser vendida por um preço semelhante ao de outros produtores", afirmou, referindo-se ao aumento de 71,5% fechado pela Companhia Vale do Rio Doce para clientes na Ásia.

No ano passado, a empresa registrou uma receita de R$ 200 milhões com a venda do insumo. A previsão é de que, com o início das exportações previsto para o final de 2005, o segmento de mineração ganhe maior força na carteira da empresa. "O efeito do negócio nos nossos resultados será visto principalmente em 2007", ressalta.

O diretor de infra-estrutura da CSN, Marcos Lutz, destacou que o direito de preferência da Vale sobre o minério de ferro produzido pela empresa não tem atrapalhado a negociação de novos contratos com seus clientes. "A Vale exerceu seu direito de preferência uma única vez", informou. Além disso, segundo ele, o mercado está muito favorável para a venda do minério de ferro. Lutz afirmou ainda que a CSN pretender atuar basicamente com contratos de venda de longo prazo, como uma grande mineradora.

RESULTADO

A CSN produziu, no ano passado, 5,5 milhões de toneladas de aço bruto e 5 milhões de toneladas de laminados - em ambos os casos, um crescimento de 3,8%. A receita líquida da siderúrgica em 2004 somou R$ 9,8 bilhões (US$ 3,4 bilhões), uma alta de 41% e recorde histórico para a empresa, refletindo basicamento os aumentos de preços durante o ano.