Título: Cisnes, marrecos e gansos com alta rentabilidade
Autor: Silvana Guaiume
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2005, Economia, p. B16

Um negócio de rentabilidade ímpar. Ex-dono de metalúrgica e de concessionária, o empresário Eduardo Bolognesi apresenta dessa forma seu mais recente projeto, a criação de aves aquáticas exóticas. Às margens da Rodovia Anhangüera, na cidade de Louveira, região de Campinas, ele mantém a criação de 35 diferentes espécies entre marrecos, gansos e cisnes. Há desde a simpática e colorida carolina, um patinho vendido a R$ 100 o casal, até os cisnes whooper e trumpeter, difíceis de serem encontrados no Brasil, que chegam a ser vendidos a R$ 7 mil o casal. Preço para representantes, que depois tratam de repassar as aves para outros criadores ou para o varejo.

Bolognesi explica que prefere não vender diretamente ao varejo para evitar problemas com o Ibama. "Não tenho placa, não atendo ninguém no portão", diz. Ele comenta que as aves mais raras, como o trumpeter e o whooper, por enquanto são vendidas sob encomenda, já que seu plantel é pequeno e ele tem mantido os filhotes como matrizes para ampliar a produção. É o único produtor desses animais no Brasil.

Outra espécie de cisne, o real, o mais conhecido deles, chega a R$ 4,5 mil o casal. A estrela da casa, porém, é o cisne negro. O produtor mantém na propriedade 200 casais. Até o ano passado, eles produziam cerca de 2 mil filhotes. Este ano, a expectativa do empresário é aumentar esse número em 50%. Cada casal produz, em média, 15 filhotes por ano. O par é vendido, quando alcança seis meses de idade, por um preço entre R$ 800 e R$ 1 mil.

Bolognesi calcula faturamento de R$ 2,4 milhões apenas com os cisnes negros. Gasta com seu plantel todo cerca de R$ 100 mil em ração por ano e mão-de-obra de três empregados que cuidam dos animais em tempo integral. "A rentabilidade é absurda", diz o produtor. Há na propriedade um berçário, com iluminação especial para aquecer os filhotes e que exige higienização diária, e uma estufa onde são mantidos os ovos que não eclodiram no ninho. "A mãe quer garantir a vida dos filhotes. Quando há ovos demorando para eclodir, ela os abandona para manter vivos os que já nasceram", diz o empresário. Nesses casos, os ovos vão para a estufa onde terminam de ser chocados.

A chácara onde as aves são criadas tem 278 mil m2, mas a criação ocupa cerca de 80 mil m2 da área total. A água é proveniente de nascentes dentro da propriedade e reservada em pequenos lagos planejados pelo produtor. "A água precisa ser natural e limpa", comenta. O criador quase não tem gastos com medicamentos para os animais. "Eles são muito resistentes. De três em três meses usamos um vermífugo light. O fornecedor de ração lembra quando é hora de usá-lo". Os animais são provenientes principalmente da Oceania e da Indonésia.

Com um plantel considerável de cisnes negros, o produtor agora quer aumentar a criação das outras espécies. O negro está pronto para produzir em dois anos. O trumpeter, o whooper e o real podem levar até quatro anos para atingir a maturidade sexual. O tempo varia de acordo com a espécie. Mandarins e carolinas, por exemplo, começam a procriar aos cinco anos. Entre whooper, trumpeter e real, Bolognesi possui pouco mais de 30 matrizes.

O produtor não diz qual é seu faturamento anual. Mas desfez-se da metalúrgica e da concessionária para dedicar-se ao novo trabalho. Pensa em ampliar a criação para outros tipos de aves, não aquáticas. Cita que um grande empresário brasileiro pagou recentemente US$ 47 mil por uma cacatua, ave australiana da família dos papagaios.

Bolognesi possui alguns casais de espécies de cacatua em sua propriedade e eventualmente comercializa os filhotes, mas ainda não possui criação comercial dessas aves. Elas chegam a custar R$ 22 mil o casal para representantes e R$ 22 mil a unidade em lojas de animais de estimação.