Título: Para Genoino, rivais querem instabilidade
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2005, Nacional, p. A5

O presidente nacional do PT, José Genoino, afirmou ontem que setores da oposição ao governo estão tentando criar, de maneira artificial, um clima de instabilidade no País. A declaração foi concedida ao portal do PT na internet, em referência à representação que foi encaminhada na sexta-feira, pelo PSDB, no Congresso, de um processo por crime de responsabilidade contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dia após ele ter revelado que evitou divulgar supostos casos de corrupção do governo FHC. "O discurso do presidente Lula não deixa dúvida: ele não denunciou ninguém nem acobertou nada. A oposição tem a legitimidade e o direito de fazer críticas aos discursos do presidente. Mas essa história de representação é um exagero e um despudor às instituições democráticas", avaliou Genoino, durante viagem a Montevidéu, no Uruguai. "Setores do PSDB governaram o Brasil durante anos e deveriam deixar Lula governar o Brasil para garantir o crescimento."

Ainda segundo Genoino, alguns tucanos trabalharam para fortalecer as candidaturas avulsas durante a eleição para a Mesa da Câmara, o que teria ajudado a derrota do candidato oficial do PT à presidência da Câmara para o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE).

Quanto à posição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o dirigente petista disse ele está se comportando como um "militante de oposição" e esse procedimento é um direito do ex-governante.

Genoino argumentou, porém, que o PT está muito tranqüilo e sereno, pois teria feito proposta para partidos de oposição de um acordo institucional, para fortalecer bancadas e legendas. "Era uma proposta para a reforma política, para o rodízio das relatorias, o PT fez tudo para valorizar. Alguns líderes da oposição agiram em sentido contrário. O PT vai continuar fazendo o debate político com serenidade, mas com firmeza para apoiar o presidente Lula."

O presidente do PT afirmou que, além da reforma política, que necessitaria de proposta mais concreta, a agenda de 2005 terá como prioridade aprovar a complementação da tributária e a sindical. "Vamos propor iniciativas a todos os partidos, mas também iniciativas conjuntas com lideranças da sociedade civil", comentou.

Genoino está em Montevidéu, onde participa hoje da cerimônia de posse do presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, eleito pela Frente Ampla.