Título: EUA criticam Brasil por violar direitos humanos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2005, Nacional, p. A6

Em seu relatório anual sobre a situação dos direitos humanos no mundo, divulgado ontem em Washington, o Departamento de Estado americano faz várias restrições ao Brasil. Embora não seja tão criticado como Cuba e Venezuela, o Brasil é citado por execuções, crimes cometidos pelas Polícias Militar e Civil, violência contra a mulher e assassinato de indígenas. "O governo federal do Brasil em geral respeitou os direitos humanos, mas há problemas decorrentes da pobreza e, particularmente, com os governos estaduais", disse o subsecretário de Estado adjunto dos Estados Unidos, Michael Kozak.

Segundo o Relatório Anual 2004 sobre Direitos Humanos, o Brasil é um caso parecido com o do México, "onde há um impulso positivo do governo central, mas não se consegue fazer com que todos sigam suas ordens".

O Departamento de Estado critica, ainda, a associação de policiais brasileiros com o crime. "A polícia esteve envolvida em seqüestros. A participação das Polícias Militar e Civil em atividades criminosas foi generalizada."

"A tortura por parte de policiais e agentes penitenciários continuou sendo um problema grave e generalizado no Brasil", acrescenta o documento. "Não houve abusos por motivos políticos, mas as execuções ilegais realizadas pelos policiais persistiram em todo o país", prossegue o texto, enviado ontem ao Congresso americano.

VIZINHOS

O relatório faz ressalvas à situação de alguns aliados dos EUA na América Latina, como Colômbia e México, mas ataca, especialmente, Cuba e a Venezuela.

De acordo com o texto, enquanto a questão dos direitos humanos avança nos demais países, Cuba continua estagnada.

Na Venezuela, o problema seria o "retrocesso" ocorrido no último ano, além de outros "sérios problemas" que persistiriam. O documento critica, especificamente, as mudanças que foram promovidas pelo presidente Hugo Chávez na composição da Suprema Corte do país.