Título: Suplicy entrevista Fogoió
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2005, Nacional, p. A8

Em Altamira, a Comissão Externa de Acompanhamento das Investigações do Assassinato de Dorothy Stang tomou o depoimento de Rayfran Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Batista, o Eduardo, que confessaram o crime. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) fez as perguntas a Fogoió. A seguir, o depoimento: Eduardo Suplicy - Por que te chamam de Fogoió?

Fogoió - Não sei. Todos me chamam de Rayfran, mesmo. (Um delegado interrompe: Fogoió, fogo, cabelo de fogo, que atirou.)

Suplicy - Quando você encontrou o Bida, antes ou depois do assassinato da irmã?

Fogoió - No domingo (Dorothy foi morta sábado, dia 12.)

Suplicy - Nesse momento você pediu os R$ 50 mil a ele?

Fogoió - Ele não me prometeu, quem prometeu foi o Tato.

Suplicy - Você chegou a cobrar do Tato o dinheiro no domingo?

Fogoió - Ele disse que não tinha dinheiro, mas era para eu ficar num lugar com contato, que iria arrumar para a gente.

Suplicy - Ele (Tato) chegou a mencionar quem iria colaborar?

Fogoió - Falou que tinha o prefeito... (ele abre os braços)... tem o prefeito, tem o prefeito, tem o prefeito.

Suplicy - O prefeito Luiz dos Reis Carvalho, de Anapu?

Fogoió - É. Ele (Bida) disse que um advogado de R$ 10 mil não adiantava, tinha de ser um advogado de R$ 50 mil, de R$ 100 mil. Ele (Bida) disse: vou fazer uma coleta, disse o nome do prefeito e disse que ia pedir o avião do Délio para fugir.

Suplicy - Está arrependido?

Fogoió - Nunca fiz isso, me arrependo demais. Estraguei a minha vida (chora).

Suplicy - E o que pretende fazer, reconstituir sua vida?

Fogoió - Entregar a Deus (chora novamente).

Suplicy - Você percebeu que muitas pessoas foram à missa do sétimo dia da irmã?

Fogoió - Não.