Título: PF investiga ligação entre grilagem e e Sudam
Autor: Leonencio No
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2005, Nacional, p. A9

A Polícia Federal decidiu acelerar as investigações sobre envolvimento de fazendeiros de Altamira e Anapu na megafraude dos financiamentos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e em grilagem de terras da União no centro-oeste do Pará. A intenção da polícia é aproveitar a estrutura montada pelo governo federal na região após o assassinato da missionária Dorothy Stang, no último dia 12, em Anapu. "Vamos retomar os inquéritos para que essas investigações possam ser concluídas rapidamente", disse o delegado da PF Anilton Roberto Turíbio.

Um dos fazendeiros que respondem a inquérito por envolvimento em fraudes na Sudam é Délio Fernandes, vizinho de Vitalmiro Matos de Moura, o Bida, suposto mandante do assassinato da missionária. Foi na fazenda de Fernandes, irmão do vice-prefeito de Altamira, Silvério Fernandes, que foi achada a caminhonete de Bida.

Foi da fazenda de Fernandes, ainda, que Bida telefonou pedindo ajuda para fugir. "Não estava na fazenda naquele dia e o meu funcionário emprestou o telefone, como é costume na região", explicou Fernandes, ao Estado. "A minha linha telefônica era a única que estava funcionando."

No ano passado, Fernandes chegou a ser preso pela PF, acusado de tomar emprestados R$ 4,2 milhões no Banco da Amazônia e não ter aplicado os recursos na fazenda de 6 mil hectares e 9 mil cabeças de gado Nelore que possui em Anapu. Fernandes nega que tenha cometido irregularidades com o dinheiro e garante que investiu tudo o que tomou emprestado. "Fui envolvido nessa história por razões políticas", justifica.

Ele negou, ainda, envolvimento com o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), acusado pelo Ministério Público Federal de ser o chefe de uma quadrilha de políticos e empresários especializada em desviar dinheiro da Sudam.

Os procuradores federais que investigam a participação de Fernandes nas fraudes da Sudam pediram uma vistoria na fazenda do pecuarista para verificar se, de fato, ele investiu os R$ 4,2 milhões.