Título: Reajuste da tarifa não cobre custos
Autor: Bruno Paes Manso
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2005, Metrópole, p. C4

O aumento da tarifa de ônibus para R$ 2,00 não vai ser suficiente para cobrir os custos do sistema de transporte. Mesmo com o reajuste, os subsídios pagos aos donos de empresas de ônibus e de cooperativas de perueiros devem ser maior do que os R$ 224 milhões previstos no orçamento. "Os reajustes praticados não eliminam os subsídios, apenas os contêm", afirmou ontem o secretário municipal de Transportes, Frederico Bussinger, depois de participar de sessão na Câmara Municipal para explicar o reajuste da tarifa. "O aumento foi barrado por 25 meses na gestão anterior, o que deixou o sistema desequilibrado". Segundo estudo do gabinete do líder do PSDB na Câmara, vereador José Aníbal, o sistema de transporte custa perto de R$ 256 milhões mensais, conforme mostravam os dados publicados ontem no Diário Oficial do Município. Com a tarifa a R$ 2,00, devem ser arrecadados R$ 232 milhões por mês. Os R$ 24 milhões mensais de diferença são o valor a ser pago em subsídios, que totalizam R$ 288 milhões por ano.

O governo José Serra congelou os subsídios ao transporte em janeiro, baixando de R$ 340 milhões para R$ 224 milhões o total, valor R$ 64 milhões abaixo do necessário para fechar as contas. Caso a tarifa não subisse, no entanto, a diferença entre custos e receitas mensais seria de R$ 58 milhões - e subsídios iriam a R$ 696 milhões por ano. "Os números tornavam o aumento da tarifa uma medida necessária", disse Aníbal. "Não foi decisão política, mas técnica."

LINHAS

O secretário de Transportes disse também que a Prefeitura vai racionalizar o sistema para equilibrar a diferença do que é gasto e o que é arrecadado. "Vamos apresentar a conclusão dos levantamentos para a organização das linhas no fim de março e esperamos com esses estudos reduzir os gastos."

Durante a sessão, a oposição questionou as críticas do secretário, lembrando que ele foi consultor do ex-secretário de Transportes Carlos Zarattini. O secretário respondeu que a implantação do sistema pelo secretário Jilmar Tatto, sucessor de Zarattini, foi diferente do que inicialmente se concebeu. "Existiu o PT do Z e o PT do T", disse. "O PT do Zarattini planejou o sistema de um jeito e o PT do Tatto a implementou de forma diferente."

Perueiros e as empresas de ônibus passarão os próximos dias discutindo com a administração as mudanças na remuneração, que vai passar da média ponderada para o pagamento por passageiro, conforme previa o contrato original, assinado em julho de 2003. As cooperativas de perueiros e as empresas apresentarão as suas planilhas de custos e os técnicos da São Paulo Transporte (SPTrans) farão a aferição. A partir de sábado, quando sobe a tarifa, deverá estar definido o valor por passageiro transportado que será repassado pela Prefeitura às empresas e cooperativas. Os perueiros das áreas 1 e 4 já definiram valores de R$ 1,33 e R$1,48 que vão pleitear à secretaria.