Título: Mercado reduz previsão de inflação
Autor: Tom Morooka
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2005, Economia, p. B3

O mercado financeiro reviu para baixo suas estimativas de inflação, animado pelos sinais emitidos pelo Banco Central que o processo de alta dos juros está próximo do fim. As projeções do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2005 caíram de 5,70 para 5,68% na pesquisa semanal Focus, realizada pelo Banco Central com as instituições financeiras. Apesar da queda, as projeções de inflação ainda estão acima da meta fixada pelo governo para este ano: 5,1%. A pesquisa mostra ainda que, na avaliação dos analistas, o governo também terá dificuldade em cumprir a meta de inflação em 2006. As estimativas são de um IPCA de 5%, enquanto a meta é de 4,5%.

A maioria dos analistas aposta que a taxa de juros voltará a subir 0,25 ponto porcentual este mês - uma projeção que já se mantém há três semanas. Para março, espera-se uma taxa Selic de 19%, contra os atuais 18,75%. O Comitê de Política Monetária (Copom) volta a reunir-se nos dias 15 e 16.

Para o fim deste ano, as projeções de juros prosseguiram estáveis em 17%, enquanto a expectativa de taxa média de juros para o ano subiu de 18,33% para 18,40%.

As indicações da mais recente ata do Copom de que o BC está prestes a interromper a seqüência de elevações da taxa Selic serviram para elevar as projeções de crescimento econômico em 2006. As projeções de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) apuradas na pesquisa Focus subiram de 3,70% para 3,85%. Para este ano, porém, as projeções foram mantidas em 3,70%, uma variação abaixo da projetada pelo governo, que é de 4%.

Apesar da chiadeira por causa da valorização do real ante o dólar, as projeções de mercado para o superávit da balança comercial este ano subiram de US$ 26,50 bilhões para US$ 27 bilhões. A alta foi acompanhada de uma elevação das estimativas de superávit em conta corrente de US$ 3 bilhões para US$ 3,50 bilhões.

As previsões de superávit da balança comercial em 2006, em contrapartida, recuaram de US$ 25 bilhões para US$ 24 bilhões. Com a queda, as estimativas de superávit em conta corrente para 2006 caíram de US$ 900 milhões para US$ 530 milhões.

As projeções de mercado para o fluxo de investimento estrangeiro direto (IED) neste ano ficaram estáveis em US$ 14 bilhões. O valor é semelhante ao projetado pelo próprio BC. Para 2006, as estimativas de fluxo de IED permaneceram em US$ 15 bilhões pela 11.ª semana consecutiva.