Título: Resultado da Petrobrás é o segundo maior da empresa
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2005, Economia, p. B4

O lucro recorde de R$ 17,861 bilhões anunciado sexta-feira pela Petrobrás é, na verdade, o segundo melhor resultado da história da empresa. Segundo cálculos da consultoria Economática, o desempenho do ano passado perde para o apresentado em 2003, que, corrigido pela inflação (IPCA), chega a R$ 19,174 bilhões. Ontem, o diretor financeiro da estatal, Sérgio Gabrielli, afirmou que o resultado de 2004 não foi melhor porque perdas financeiras neutralizaram o ganho operacional, o qual, excluindo as operações financeiras, registrou crescimento de 8,2% em relação ao ano anterior, atingindo R$ 29,815 bilhões. O resultado líquido das operações financeiras, porém, ficou negativo em R$ 2,4 bilhão - em 2003, essa rubrica garantiu um resultado positivo de R$ 1,35 bilhão, o que dá uma diferença total de R$ 3,75 bilhões entre os dois períodos.

A compensação veio da área de exploração e produção que, impulsionada pela alta do petróleo no mercado internacional, deu lucro de R$ 18,83 bilhões em 2004, valor 22% maior do que o registrado no ano anterior. Isso anulou parte das perdas com os efeitos do aumento de juros nos Estados Unidos e da valorização do real ante o dólar na dívida e nas aplicações em fundos cambiais da empresa, respectivamente.

PREÇOS

Gabrielli defendeu novamente a política de preços da empresa, apontada por alguns analistas como motivo para os resultados não terem crescido tanto quanto o de suas concorrentes no exterior. No mesmo período, as gigantes mundiais do setor tiveram lucro até 48% superior ao de 2003, beneficiadas pela escalada do petróleo no mercado internacional.

"Não seguimos e nem vamos seguir a flutuação do preço nas bombas do Golfo do México. Vamos acompanhar a tendência e, uma vez confirmado novo patamar, podemos mexer nos preços", disse Gabrielli. Segundo um gráfico apresentado pela empresa, os preços dos derivados de petróleo no mercado brasileiro passaram 2004 inteiro abaixo das cotações internacionais, aproximando-se apenas no fim do ano, após os reajustes concedidos em outubro e novembro.

A área de abastecimento, que cuida da produção de combustíveis, saiu de um lucro de R$ 5,199 bilhões em 2003 - quando os preços ficaram, por vezes, acima do mercado internacional - para um lucro de R$ 2,553 bilhões em 2004. O impacto dos preços no resultado do segmento é confirmado quando se percebe o desempenho por trimestre. No início de 2004, o lucro foi de R$ 1,035 bilhão; no segundo trimestre, caiu para R$ 416 milhões; e no terceiro, para R$ 273 milhões. Apenas no fim do ano, após os reajustes, subiu para R$ 838 milhões, mesmo que as vendas tenham caído no período.