Título: Contratação do assessor de Furlan passou pela Abin
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2005, Economia, p. B7

A nomeação do italiano Renello Parrini como assessor especial do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, passou pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), explicou ontem o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Armando Félix. No entanto, acrescentou, nessa e em todas as nomeações do governo, a checagem é feita nos bancos de dados disponíveis. De acordo com documento publicado domingo no jornal Folha de S. Paulo, Parrini participaria de uma empresa controladora de um banco no Caribe, sócio do Banco Santos numa empresa offshore que está sob investigação sob suspeita de lavagem de dinheiro. Parrini negou participar de qualquer negócio ilegal, mas pediu exoneração do cargo. O general explicou que esses dados não passam em suas mãos e que, se houvesse algum problema, a Casa Civil, que faz as nomeações, é que seria informada e poderia pedir um aprofundamento das informações. "Nós nos atemos aos bancos de dados oficiais, disponíveis a todos", reiterou, repetindo explicação dada quando a Abin foi acusada de não ter detectado as ligações entre o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz, e o empresário de jogo Carlinhos Cachoeira. "A Abin não investiga a vida das pessoas. Se formos investigar, faríamos exatamente aquilo que todo mundo criticou a vida inteira em relação aos antigos órgãos de informações." O trâmite normal de uma nomeação segue o seguinte rito: o ministro assina a nomeação do servidor, cujo nome é encaminhado a área jurídica da Casa Civil, que repassa a indicação para a Abin, subordinada ao Gabinete de Segurança Internacional (GSI). A Abin pesquisa as "fontes abertas" - cartórios, para ver se há protesto, ou sociedades em firmas proibidas pela lei, as polícias federal e civil dos Estados. Há checagem ainda na Receita Federal e Serasa. A partir disso, é produzido uma documento para o Departamento Jurídico da Casa Civil, que verifica se eventuais sociedades contrariam a lei. O órgão que está contratando é então informado se está tudo OK, o que leva o ato de nomeação à publicação no Diário Oficial, ou se já algum problema. Nesse caso, cabe ao ministro responsável pelo órgão que está contratando decidir se o funcionário será nomeado. Dentro desse processo, a "ficha" do servidor não passa pela mão do ministro da Casa Civil, nem pelo Gabinete de Segurança Institucional, que está acima da Abin.