Título: Brasil emite US$ 1 bilhão no exterior
Autor: Silvana Rocha, Regina Cardeal, Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2005, Economia, p. B12

O governo brasileiro emitiu ontem US$ 1 bilhão em títulos no mercado global. A operação ajudou a empurrar para baixo a cotação do dólar em relação ao real. O dólar fechou ontem abaixo de R$ 2,60, em queda de 1,07%, a R$ 2,59. Além de fatores técnicos, como o vencimento de contratos futuros hoje, a valorização do real também sofreu influências de novos recordes nas contas públicas brasileiras. A emissão brasileira, com vencimento em 7 de março de 2015, saiu com rendimento de 7,90%, ou 3,5 pontos porcentuais acima do retorno dos títulos equivalentes do Tesouro americano. Segundo fontes do mercado, o rendimento, que ficou acima da indicação inicial de 7,85%, teve de ser ajustado depois de uma alta súbita dos juros dos títulos americanos durante o dia. Os juros dos títulos de dez anos do Tesouro americano ultrapassaram ontem os 4,30% pela primeira vez desde meados de janeiro. Diversos possíveis motivos foram apontados por operadores para a onda de venda dos títulos, desde a divulgação de um índice de consumo usado como deflator do Produto Interno Bruto, passando pela nova alta dos preços do petróleo, até uma suposta venda de papéis por grandes Bancos Centrais.

A onda de venda dos Treasuries pesou sobre os preços dos títulos da dívida externa brasileira e sobre a demanda dos novos bônus. O preço de emissão foi fixado em 99,829 centavos por dólar, mas no fim da tarde os papéis já eram negociados no mercado secundário em baixa de 0,20%. Segundo operadores, a intenção do Tesouro seria de captar US$ 1,5 bilhão, mas, por conta da forte oscilação dos Treasuries, a operação foi fechada mais cedo.

O risco Brasil, que havia caído durante a manhã, voltou à estabilidade depois da turbulência e estava cotado a 392 pontos no início da noite. Nos mercado de juros futuros, os contratos também encerraram a segunda-feira próximos das cotações registradas no fim da semana passada.

A Bovespa encontrou no último dia do mês os motivos para realizar lucros. As altas do petróleo, de 0,5%, para US$ 51,75 (contrato de abril na Nymex), e dos juros americanos abriram espaço para um movimento de venda de ações que estava sendo ensaiado nos últimos dias. Depois de cair até 2,2% durante o dia, o Ibovespa acabou fechando em baixa de 1,01%. Com o resultado de ontem, a bolsa paulista passou a acumular alta de 15,56% em fevereiro e de 7,42% em 2005.