Título: Dívida da FAB de R$ 30 mi ameaça até vôos de Lula
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2005, Nacional, p. A10

Não são só as companhias aéreas privadas que estão sendo cobradas pela Petrobrás e ameaçadas de não voar, caso não paguem o que devem à BR-Distribuidora pela compra de combustível. Na semana passada, a Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu uma carta da empresa intimando-a a quitar uma dívida com a BR em torno de R$ 30 milhões, sob pena de não receber mais combustível para decolar dos diversos aeroportos do País - até o avião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva corre o risco de ficar desabastecido. A ameaça irritou os oficiais da Força. Eles alegam que as dívidas se acumularam por causa das missões que estão cumprindo pelo mundo todo, que consideram legítimas e importantes - como as inúmeras viagens ao Haiti e à Ásia, para ajudar às vítimas do tsunami -, mas sem o devido ressarcimento. Com o aumento das viagens e o surgimento de novas missões, houve uma grande elevação do consumo.

Para solucionar o impasse, foi necessária a interferência do vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar. Só que todo esse processo acabou gerando um stress político, que alguns preferem traduzir como uma simples saia-justa. O stress foi maior porque essa não foi a primeira, mas pelo menos a quarta carta que a BR mandava para a Aeronáutica, do final do ano para cá, cobrando a dívida.

Para resolver a situação emergencialmente, e não suspender as missões, a FAB está deslocando verba de outras rubricas para o pagamento de parte da dívida. Só que aguarda que o Ministério da Fazenda reponha os recursos.

A Petrobrás confirma que a FAB tem uma dívida com a empresa, não fala em números e informa apenas que estão buscando uma forma de negociar. A BR, por sua vez, também confirma que houve problema de caixa, como acontece com outras empresas, mas afirma que tudo já está equacionado.

Já a Aeronáutica, ao ser consultada oficialmente sobre o caso, informa que não há nenhum problema com a Petrobrás. Diz que o que há é uma dívida que será quitada tão logo a Fazenda repasse os recursos para a Força. Na verdade, o que ocorreu foi que, com a interferência política e a promessa de pagamento pela FAB de parte da dívida, a Petrobrás estendeu o prazo de pagamento do débito.

EXÉRCITO

A situação não é diferente no Exército, que está aguardando o repasse dos recursos que garantirão o permanência de soldados no Pará. Uma tropa foi deslocada para o Estado há duas semanas, para assegurar a lei e ordem após o assassinato da missionária americana Dorothy Stang.

O Ministério da Defesa está aguardando o repasse dos R$ 21 milhões solicitados para a execução da Operação Pacajá, sendo que R$ 18,5 milhões são para o Exército e os R$ 2,5 milhões para a Aeronáutica. Apesar das promessas, até o início da noite de ontem nada havia chegado à Defesa.