Título: Braço direito de Dorothy nega envolvimento em crime
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2005, Nacional, p. A12

O técnico agrícola Geraldo Magela de Almeida Filho, ex-braço direito da irmã Dorothy Stang, negou ontem envolvimento com o assassinato do colono Adalberto Xavier Leal, dia 12, mesmo dia da morte de Dorothy. Em depoimento ao delegado Marcelo Ferreira de Souza Luz, da Polícia Civil, ele também negou ter ameaçado de morte o ajudante de tratorista Lourival Gomes do Nascimento. "Não procede", disse Geraldo ao sair do depoimento, à tarde. Ele disse nem saber quem é Lourival. "Não consigo entender. Imagino que seja devido ao contexto político. Tentam enrolar a gente para dificultar o assentamento de famílias." Segundo Lourival, às 13 horas do dia 12, seis horas depois da morte da freira, ele estava na sede da fazenda do madeireiro Luís Ungaratti quando chegaram 12 homens com espingardas e revólveres, liderados por Geraldo e José Rodrigues Silva, o Zé Dentista.

Lourival disse que, apontando-lhe as armas, o grupo o obrigou a mostrar outro barraco da fazenda e depois Geraldo teria dito: "Quando tu chegar na cidade, não abre o bico porque se não Anapu vai ficar pequeno para ti." O delegado suspeita que o grupo tenha matado Adalberto, às 23 horas. Conhecido como Cabeludo, ele trabalhava para Amair Feijoli da Cunha, o Tato, acusado de ter contratado os pistoleiros para matar Dorothy.

Geraldo disse desconhecer animosidade contra o colono no assentamento. "Adalberto trabalhava para Tato assim como outros assentados. Eles estão recentemente na região e precisam trabalhar um pouco fora para se manter." O técnico contou lamentar o assassinato do colono. "A gente está aí para esclarecer o que for possível, para ajudar." Geraldo está na lista dos beneficiados pelo Programa Estadual de Proteção a Defensores dos Direitos Humanos Ameaçados, ainda em fase de implantação.