Título: Já são 1.502 americanos mortos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2005, Internacional, p. A16

O número de soldados americanos mortos no Iraque ultrapassou ontem a marca dos 1.500 com a morte de 3 soldados em dois ataques a bomba, nas províncias de Babilônia, no norte, e Bagdá, na região central. De acordo com o balanço divulgado pelo Departamento de Defesa (Pentágono), são agora 1502 mortos em combate, acidentes ou outras causas desde o início da invasão do país, em 20 de março de 2003. Pelo menos 1.140 morreram em atentados ou durante ofensivas militares. Os EUA mantêm cerca de 150 mil soldados no Iraque. Mas o pior ataque de ontem visou às forças de segurança iraquianas, que são agora o principal alvo dos rebeldes. Dois carros-bomba, conduzidos por atacantes suicidas, explodiram perto do Ministério do Interior, matando pelo menos 5 policiais iraquianos e ferindo 15. A Organização Al-Qaeda no Iraque assumiu a responsabilidade pela ação e assinalou que sua meta era matar o ministro Falah al-Nagib, não atingido na explosão. Um carro-bomba explodiu perto de um comboio de viaturas policiais, na cidade de Baquba, ao norte de Bagdá, matando um civil e ferindo três.

Como o quadro de violência persiste, o primeiro-ministro interino do Iraque, Iyad Allawi, prorrogou ontem por 30 dias o estado de emergência, adotado quatro meses atrás e não aplicado apenas nas províncias curdas, no norte do país. A medida inclui o toque de recolher e dá ao governo poderes para prender sem mandado e lançar operações policiais e militares em áreas de mais conflito.

O número de baixas americanas vem caindo desde as eleições iraquianas de 30 de janeiro. Comandantes das tropas dos EUA têm dito que a guerra de guerrilha, desencadeada por remanescentes do regime de Saddam Hussein, está perdendo força. Mas os grupos extremistas islâmicos continuam desfechando atentados com carros-bomba, como o de segunda-feira em Hilla, que matou 125 pessoas e foi o pior ataque isolado desde a invasão do Iraque.

De fato, o número de soldados mortos em fevereiro - 58 - foi o mais baixo desde julho de 2004. Em novembro, o mês da grande ofensiva das forças de ocupação em Faluja, a oeste de Bagdá, 137 militares morreram. Em dezembro, foram 72 e em janeiro - às vésperas das eleições -, 107.

GOVERNO

As negociações para escolha do primeiro-ministro e preenchimento dos outros cargos do futuro governo provisório não avançaram ontem. Representantes dos dois principais grupos, a coalizão xiita Aliança Unida Iraquiana, detentora de 140 das 275 cadeiras da Assembléia Nacional, e a Aliança Curda, com 75, mantêm conversações na cidade curda de Irbil, norte do país.

Em troca da aprovação do candidato indicado pelos xiitas, o médico Ibrahim al-Jaafari, os políticos curdos querem que um de seus líderes, Jalal Talabani, seja nomeado presidente. Jaafari indicou que sua coalizão está propensa a aceitar essa demanda, mas não pretende ceder às outras exigências, entre as quais a expansão da área das províncias curdas, com a inclusão de Kirkuk - importante centro petrolífero - e outras vilas.