Título: Decisão tenta frear nova alta puxada pelo minério
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2005, Economia, p. B3

A decisão do governo de zerar a alíquota do Imposto de Importação sobre o aço representa muito mais um movimento preventivo para evitar que o recente reajuste do minério de ferro, na casa de 70%, seja um argumento para novos aumentos do preço do produto do que uma medida efetiva no curto prazo, avalia o consultor especializado em siderurgia e diretor executivo da CPM, Marcelo Astrachan. De toda forma, ele diz que se trata de uma decisão histórica. "Nos últimos dez anos, não me lembro de um movimento semelhante a esse feito pelo governo num setor de peso como é o siderúrgico." A curto prazo, Astrachan ressalta que o impacto é discutível. Entre os obstáculos que reduziriam a eficácia da medida está a questão logística. "Não é algo simples trazer de imediato um item com determinada especificação. O aço não é um produto de prateleira, e os contratos de produção são específicos e de longo prazo." Além disso, a demanda internacional pelo aço continua aquecida e não há indicações de grande disponibilidade na oferta mundial. Ao contrário: as siderúrgicas brasileiras deixaram de exportar parte aço nos últimos meses para atender o mercado interno. Hoje, as importações de produto são irrisórias, representam menos de 10% dos volumes consumidos. Astrachan lembra que o aço produzido aqui tem custos mais competitivos. Mas reconhece que a medida é um elemento novo que beneficia as negociações a médio prazo.