Título: Banco Santos tem plano de renegociação
Autor: Priscilla Murphy
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2005, Economia, p. B11

O controlador do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira, e a consultoria contratada por ele para negociar com os credores, a Valora, apresentaram na quarta-feira proposta de renegociação das dívidas ao interventor nomeado pelo Banco Central (BC) para administrar a instituição, Vânio Aguiar. Segundo uma pessoa familiarizada com o plano, será apresentada aos credores uma proposta de troca da dívida por participação societária no Banco Santos. O valor do desconto a ser trocado por participação vai depender de quantos credores aderirem à proposta. Inicialmente, será apresentada uma faixa de descontos possíveis, diminuindo quanto mais credores aderirem. Segundo a controladora Procid, o banco tem R$ 2,43 bilhões em créditos passíveis de renegociação. Segundo um comunicado da Procid publicado hoje nos jornais, 72% desse valor, ou R$ 1,75 bilhão, são dívidas com credores que já manifestaram formalmente sua disposição em negociar uma solução que evite a liquidação do banco.

Segundo o comunicado, os credores reunidos na Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar declararam ter R$ 716 milhões a receber do banco. Os credores representados pela consultoria KPMG declararam R$ 413 milhões, os fundos sob administração do Banco Santos, R$ 176 milhões, e credores diversos, R$ 340 milhões.

O comunicado diz ainda que, a partir de agora, a Procid "formalizará entendimentos com o Banco Central sobre a continuidade do regime de intervenção, com vistas ao início da negociação do projeto de recuperação". O BC tem até 12 de maio para decidir se liquida o banco ou prorroga a intervenção, no máximo até novembro. O interventor enviou no mês passado um relatório sigiloso para a cúpula do BC sobre a situação financeira do banco.

Estima-se que o rombo seja de R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões. Se confirmado, o montante indica que o desconto a ser cedido pelos credores na troca terá de ser quase total. Mesmo assim, a proposta pode interessar mais que a liquidação, onde se recebe em média 30% do valor do débito, após um processo de anos. Na troca das dívidas por participação, os credores podem ter a esperança de reerguer o banco e recuperar no futuro o dinheiro que perderam.