Título: Decisão é absurda, reage deputado
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/03/2005, Nacional, p. A10

O deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) classificou ontem de "absurda" a resolução da executiva nacional petista de pedir a suspensão de suas atividades partidárias por um ano. Para ele, foi uma forma que a cúpula partidária encontrou para justificar os erros cometidos na eleição para a presidência da Câmara. Ele acrescentou, porém, que estava tranqüilo, salientando que a resolução terá de ser apreciada em reunião do diretório nacional, em maio.

Em entrevista a emissoras de rádios em Belo Horizonte, Virgílio disse que recebia a decisão como "uma declaração de autodefesa" da executiva. "Claro que a direção atual do PT precisava dar uma justificativa para a derrota humilhante que teve", afirmou. "O que a executiva fez foi apenas uma indicação, mas o diretório não vai colocar o PT em estado de sítio."

Virgílio acusou a direção partidária de se posicionar de "uma maneira frontal contra o País" para atender aos interesses dos parlamentares paulistas na eleição da Câmara. "O diretório é uma coisa bem mais ampla e não vai permitir que isso ocorra."

O deputado mineiro disse que, na sua defesa, vai insistir na tese de que não cometeu nenhum delito ao lançar sua candidatura avulsa para a presidência da Câmara - desafiando a decisão da bancada federal petista, que havia optado por Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) como candidato oficial do partido. "Eu acredito que o PT é um partido democrático e a postura democrática vai prevalecer."

Segundo ele, a candidatura avulsa era legítima e a cúpula partidária foi advertida sobre as dificuldades que Greenhalgh enfrentaria. Para Virgílio, Greenhalgh "seria derrotado fragorosamente por qualquer candidato, inclusive pelo Severino Cavalcanti".

Virgílio, que preferiu não ir para São Paulo e acompanhar a reunião da executiva de Belo Horizonte, disse que aceita uma decisão "política", mas não "disciplinar". Ele garantiu, porém, que não pretende sair do PT, embora tenha admitido a possibilidade de se licenciar do partido. E emendou: "Não há alteração na minha agenda, nem na minha programação e nem nas minhas reflexões."