Título: Executiva do PT pune Virgílio com um ano de suspensão
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/03/2005, Nacional, p. A10

A executiva nacional do PT decidiu ontem, depois de quase cinco horas de reunião, suspender o deputado Virgílio Guimarães (MG) de suas atividades partidárias por um ano. A punição precisa agora ser referendada pelo diretório nacional - órgão máximo do partido -, que se reúne em São Paulo nos dias 7 e 8 de maio. Se confirmada a punição, durante o período (até maio de 2006) o deputado não poderá votar e ser votado nas instâncias de direção ou nos encontros da sigla, nem ser indicado a cargos ou funções de representação partidária na Câmara e nem falar em nome da bancada. A suspensão por 12 meses, no entanto, não impede o parlamentar de disputar as eleições do ano que vem pelo partido. "Foi uma decisão do tamanho certo", defendeu o presidente nacional do PT, José Genoino. "A suspensão por um ano não impede que Virgílio dispute as eleições, mas deixa claro que ele terá de fazer um movimento de repactuação com o partido", acrescentou ele, que ao lado dos líderes do PT no Senado e na Câmara, respectivamente Delcídio Amaral (MS) e Paulo Rocha (PA), foi um dos que defenderam que o período de suspensão não fosse maior do que um ano.

Virgílio é considerado um dos principais responsáveis pela derrota do candidato do governo, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), à presidência da Câmara. Ele contrariou a decisão da bancada e da direção do PT e disputou a eleição na condição de candidato avulso.

Dos 19 integrantes - a executiva é composta por 21 pessoas - que participaram da reunião de ontem na capital paulista, 14 votaram pela suspensão de Virgílio por 12 meses, 2 se abstiveram e outros 2 votaram pela expulsão do parlamentar do partido. O secretário de finanças do PT, Delúbio Soares, participou do encontro, mas saiu antes da votação.

Na avaliação do secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, autor da representação que pediu a suspensão de Virgílio, a decisão da executiva mostra que o PT está "estendendo a mão" ao deputado mineiro. "A decisão foi a possível pelo conjunto da obra", disse. "Gostaríamos que o Virgílio entendesse a decisão como um gesto brando", continuou Pereira, que ouviu apelo de integrantes do partido - entre eles o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha - para que a punição não fosse ainda mais dura. "A decisão não foi de vingança. Foi difícil."

Virgílio foi convidado a participar da reunião de ontem, mas não compareceu. Coube ao segundo vice-presidente do PT, Romênio Pereira, que também é mineiro, comunicar ao deputado a decisão da executiva. "Disse a ele que o momento era de baixar a bola e ele mostrou-se aliviado, já que esperava punição maior", disse. A contar de ontem, Virgílio tem agora dez dias para apresentar, por escrito, sua defesa ao partido. Ele também foi convidado a participar do encontro de maio e, na ocasião, poderá fazer sustentação oral.