Título: Compras com cartão no exterior ficam mais baratas
Autor: José Ramos
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/03/2005, Economia, p. B4

As mudanças anunciadas ontem pelo Conselho Monetário Nacional nas regras do mercado de câmbio vão tornar um pouco mais baratas as compras com cartão de crédito dos brasileiros no exterior. Isso porque as compras feitas com cartão no exterior podiam ser calculadas pelo dólar turismo, que deixa de existir. Em geral, as cotações do turismo são mais altas que o comercial e por isso na conversão as pessoas físicas que compravam no exterior acabavam pagando uma cotação maior que as empresas, cujos negócios são calculados pelo dólar comercial. Ontem, por exemplo, o dólar turismo fechou em R$ 2,78 para a venda, 4,7% mais que a cotação do comercial, de R$ 2,656. "Essas medidas são bastante positivas. Significam mais um passo para liberalizar a conta de capital no País, simplificam o mercado de câmbio e acabam com o spread (diferença) existente entre a taxa flutuante e comercial", comenta o sócio executivo do Pátria Hedge Funds, Luís Fernando Lopes.

O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Alexandre Schwartsman, procurou deixar claro que o marco legal existente na área de câmbio permanece o mesmo.

Segundo ele, a decisão do Conselho Monetário Nacional de aprovar duas resoluções que tratam da unificação dos mercados de câmbio e da nova regulamentação cambial das exportações não altera o marco legal hoje existente, que entre outros pontos estabelece que apenas o real pode ser utilizado como pagamento, que as receitas em moedas estrangeiras obtidas pelos exportadores devem ingressar no País e proíbe a compensação privada de câmbio.

Apesar das medidas que aumentam a supervisão da remessa de recursos ao exterior pelo sistema financeiro, o câmbio paralelo, ou "black", continuará existindo. Atualmente, esse mercado já é cerca de um décimo do tamanho do que costumava ter quando o câmbio era controlado. "O BC faz uma espécie de vista grossa para a existência desse mercado, mas ele continua lá", diz um analista.

O câmbio paralelo tem duas cotações. O câmbio papel, em que a pessoa entrega ou compra notas de dólar com o doleiro, fechou ontem em R$ 2,753 para a compra e R$ 2,853 para a venda. Já no mercado conhecido como "cabo", os reais são entregues ao doleiro, que deposita o dinheiro na conta da pessoa no exterior.